terça-feira, 21 de abril de 2009

Baixa atividade do sol intriga astrônomos


O sol passa por um de seus períodos mais quietos por quase um século, praticamente sem manchas solares (explosões na atmosfera solar) e emitindo poucas chamas.

A observação da estrela mais próxima da Terra está intrigando os astrônomos, que estão prestes a estudar novas imagens do sol captadas no espaço na Reunião Nacional de Astronomia do Reino Unido.


O sol normalmente passa por ciclos de atividade de 11 anos. Em seu pico, ele tem uma atmosfera efervescente que lança chamas e "pedaços" gasosos super quentes do tamanho de pequenos planetas. Depois deste pico, o astro normalmente passa por um período de calmaria.

Esperava-se que o sol voltasse a esquentar no ano passado depois de uma temporada de calmaria. Mas em vez disso, a pressão do vento solar chegou ao seu nível mais baixo em 50 anos, as emissões radiológicas são as mais baixas dos últimos 55 anos e as atividades mais baixas de manchas solares dos últimos 100 anos.

Segundo a professora Louise Hara, do University College London, as razões para isso não estão claras e não se sabe quando a atividade do sol vai voltar ao normal.

"Não há sinais de que ele esteja saindo deste período", disse ela à BBC News.

"No momento, há artigos científicos sendo lançados que sugerem que ele vai entrar em um período normal de atividade em breve."

"Outros, no entanto, sugerem que ele vai passar por outro período de atividades mínimas - este é um grande debate no momento."

Mini era do gelo
Em meados do século 17, um período de calmaria - conhecido como Maunder Minimum - durou 70 anos, provocando uma "mini era do gelo".

Por isso, alguns especialistas sugeriram que um esfriamento semelhante do sol poderia compensar os efeitos das mudanças climáticas.

Mas segundo o professor Mike Lockwood, da Universidade de Southhampton, isso não é tão simples assim.

"Quisera eu que o sol estivesse vindo a nosso favor, mas, infelizmente, os dados mostram que não é esse o caso", disse ele.

Lockwood foi um dos primeiros pesquisadores a mostrar que a atividade do sol vinha decrescendo gradualmente desde 1985, mas que, apesar disso, as temperaturas globais continuavam a subir.

"Se você olhar cuidadosamente as observações, está bem claro que o nível fundamental do sol alcançou seu pico em cerca de 1985 e o que estamos vendo é uma continuação da tendência para baixo (na atividade solar), que vem ocorrendo há cerca de duas décadas."

"Se o enfraquecimento do sol tivesse efeitos resfriadores, já teríamos visto isso a esta altura."

Meio termo
Análises de troncos de árvores e de camadas inferiores de gelo (que registram a história ambiental) sugerem que o sol está se acalmando depois de um pico incomum em sua atividade.

Lockwood acredita que, além do ciclo solar de 11 anos, há uma oscilação solar que dura centenas de anos.

Ele sugere que 1985 marcou o pico máximo deste ciclo de longo prazo e que o Maunder Minimum marcou seu ponto mais baixo.

Para ele, o sol agora volta a um meio termo depois de um período em que esteve praticamente no topo de suas atividades.

Dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) mostram que as temperaturas globais subiram em média 0,7 C desde o início do século 20.

As projeções do IPCC são de que o mundo vai continuar a esquentar, e a expectativa é de que as temperaturas aumentem entre 1,8 C e 4 C até o fim deste século.

Ninguém sabe ao certo como funciona o ciclo e altos e baixos na atividade solar, mas os astrônomos se veem, agora, graças a avanços tecnológicos, em uma posição privilegiada para estudar o astro-rei.

Segundo o professor Richard Harrison, do Laboratório Rutheford Appleton, em Oxfordshire, este período de quietude solar dá aos astrônomos uma oportunidade única.

"Isso é muito animador, porque como astrônomos nunca vimos nada assim em nossas vidas", disse ele.

"Temos uma sonda lá no alto para estudar o sol com detalhes fenomenais. Com esses telescópios podemos estudar esta atividade mínima de um modo que nunca fizemos no passado."

terça-feira, 14 de abril de 2009

Colunista discute riscos para a saúde humana associados à exposição a campos eletromagnéticos

Uma linha de alta tensão sobre sua cabeça

fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/140789

Hoje aprendemos a temer as radiações ionizantes emitidas por radionuclídeos naturais e artificiais, aparelhos de raios-X e outras fontes. Essas radiações estão entre as mais energéticas do espectro eletromagnético e são assim chamadas por possuírem energia suficiente para provocar ionização, o que afeta a ligação entre átomos e resulta em uma série de efeitos físicos, químicos e biológicos, como quebra de moléculas. Pensou no seu precioso DNA? Acertou.

Essas radiações podem atuar como uma espécie de kryptonita verde (mas infelizmente incolor e invisível) que pode enfraquecer o homem comum. É complicado, tecnológico, meio secreto. Está associado tanto a pesquisa e saúde quanto a destruição em massa. É traiçoeiro por não ter cor ou odor e por não manifestar seus efeitos no momento da exposição. E ainda produz Godzillas e outros monstros de filme B! Hiroshima, Chernobyl, Goiânia... Brrrr! Eis aí todos os ingredientes para uma forte percepção de risco.
Assim, ao contemplarmos uma central eletronuclear como as usinas de Angra 1 ou 2, pensamos nos apagões que não tivemos graças a elas, no problema dos rejeitos radioativos, no risco de acidente com vazamento radioativo. Mas nem nos passa pela cabeça temer a linha de alta tensão sob a qual paramos o carro para tirar a foto de nossas únicas centrais nucleares.

Afinal, linhas de transmissão fazem parte da paisagem, assim como as antenas de rádio, televisão e celular. A paisagem domestica é também repleta de emissores de radiações não ionizantes, como os eletrodomésticos em geral, incluindo o computador e o monitor no qual você esta lendo esta coluna, sem falar em nosso inseparável amigo e algoz, o celular.

Vista geral das usinas de Angra 1 e Angra 2 (no primeiro plano), no litoral sul do estado do Rio de Janeiro (foto: Wikimedia Commons).

Exposição constante
Todos os seres vivos evoluíram em um mundo com campos elétricos e magnéticos naturais de baixa intensidade e frequência, mas o tecnoambiente que criamos multiplicou as fontes emissoras, bem como sua potência. Hoje estamos todos expostos a uma mistura complexa de campos elétricos e magnéticos em muitas frequências diferentes em casa, no trabalho, no trajeto entre um e outro e na viagem de férias também.

Se é fato que essas radiações eletromagnéticas – produzidas em todos os aparelhos em que há passagem de corrente elétrica – não são ionizantes, o campo eletromagnético criado por elas gera um fluxo de corrente elétrica no corpo que pode interferir nas correntes elétricas que existem naturalmente no organismo e que são parte essencial das funções corporais normais. Todos os nervos, por exemplo, enviam sinais por meio da transmissão de impulsos elétricos. A maioria das reações bioquímicas também envolve processos elétricos.
Não é absurdo, portanto, imaginarmos a possibilidade de efeitos biológicos indesejáveis decorrentes da exposição às radiações. Porém, como não houve um Chernobyl eletromagnetico não ionizante, esse fantasma não tirou o sono de quase ninguém. Estávamos todos ocupados demais usufruindo dos inegáveis confortos trazidos por toda a eletroparafernália em constante evolução.

Os eventuais riscos só começaram a ser levados a sério cerca de 30 anos atrás, quando passaram a ser objeto de estudos, inclusive sob patrocínio da Organização Mundial de Saúde (OMS). Essa entidade publicou em 2002 o livro Estabelecendo um diálogo sobre riscos de campos eletromagnéticos, originalmente publicado em Inglês e traduzido para o português pelo Centro de Pesquisas em Energia Elétrica (Cepel).

Campos eletromagnéticos e leucemia
Nesse documento, podemos ler o seguinte:
“Em 2001, um grupo de trabalho integrado por peritos, constituído pela Iarc (International Agency for Research on Cancer) da OMS, reviu estudos relacionados com a carcinogenicidade de campos elétricos e magnéticos estáticos e de frequências extremamente baixas (ELF) Nota: isto inclui as linhas de transmissão.

Usando a classificação padrão da Iarc que pondera as evidências humanas, animais e de laboratório, campos magnéticos ELF foram classificados como possivelmente carcinogênicos para humanos com base em estudos epidemiológicos de leucemia infantil.

Evidências para todos os outros tipos de câncer em crianças e adultos [...] foram consideradas inadequadas para a mesma classificação devido a informações científicas insuficientes ou inconsistentes.”
E em relação ao popular celular, emissor móvel de campos de altas frequências? “Diversos estudos epidemiológicos recentes com usuários de telefones móveis não encontraram evidência convincente de um aumento no risco de câncer do cérebro. No entanto, a tecnologia ainda é muito recente para que seja possível desconsiderar efeitos de longo prazo.”

Bem-vindo ao complexo mundo da epidemiologia e da comunicação de risco! E agora, atendo ou não atendo?

Linhas de alta tensão
No caso das linhas de alta tensão, seus opositores argumentam que, face às incertezas, deveríamos usar o principio de precaução. Mas não é necessário optar entre banho frio e leucemia infantil. Há soluções que reduzem drasticamente a exposição aos campos eletromagnéticos, tal como enterrar as linhas de transmissão. De quebra, melhoraríamos a paisagem, que se veria livre dessas estruturas de alto valor pratico e de valor estético... hum, como dizer? ... deixa pra lá.

Enterrar as linhas de alta tensão seria uma solução possível para minimizar o risco associado à exposição a campos eletromagnéticos (foto: Occupational Safety & Health Administration).

Naturalmente, essa solução custa mais caro, mas é exatamente a opção que está sendo reivindicada à Eletropaulo por um bairro paulistano de classe média alta cruzado por uma importante linha de transmissão.

Uma pesquisa realizada em 2003 na França pelo Observatoire de l’Énergie concluiu que 62% da população estaria disposta a aceitar um ligeiro aumento do custo da energia elétrica para financiar a instalação de linhas subterrâneas, em substituição às familiares torres de metal que os temporais e os aviões fora de rumo teimam em derrubar, deixando milhões de pessoas sem energia, inclusive as vítimas da “possível carcinogenicidade”. Como num filme B.

Mas o tema foi objeto de debate público no senado francês em 2003 e, em 27 de junho de 2008, durante a Cúpula de Zaragoza, os governos de Espanha e França decidiram realizar uma conexão elétrica subterrânea em corrente contínua entre os dois países. Segundo as autoridades locais, a negociação relativa ao projeto “dará amplo espaço à expressão da população” e “se deterá sobre as opções de traçado e os aspectos ambientais e de saúde”.

No Brasil, o Projeto Internacional de Campos Eletromagnéticos, da OMS, tem como atores principais a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Pode apostar: você ainda vai ouvir sobre esse assunto. No celular, na TV, no rádio.


Jean Remy Davée Guimarães
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
Universidade Federal do Rio de Janeiro
20/03/2009

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Maior invenção de todos os tempos

(BR Press) - Existe uma frase marcante creditada a Albert Einstein que diz mais ou menos assim: "Toda a nossa ciência, quando comparada à natureza, é absolutamente medíocre - e ainda assim, esta mesma ciência é a coisa mais preciosa que temos".

Construímos prédios majestosos e computadores poderosíssimos, enviamos sondas para outros planetas e prolongamos a vida com vacinas e antibióticos, mas realmente nada se compara a uma das invenções mais extraordinárias da natureza: o cérebro humano.

Fiscal
Enquanto fiscaliza e organiza incontáveis funções do corpo, essa massa esponjosa que você tem bem aí entre suas orelhas analisa informações do meio externo, processa memórias, elabora raciocínios, cria pensamentos abstratos, descobre soluções e, nas horas de descanso, sonha. Ele nunca pára.

Ao nascer, o cérebro de um bebê tem por volta de 350g e, apesar do número de células cerebrais permanecer relativamente estável ao longo de nossas vidas, estas células aumentam de volume e passam a fazer mais conexões entre si com o passar do tempo. O cérebro de um humano adulto médio pesa cerca de 1,3 a 1,4 Kg, sendo 80% deste peso constituído por água pura.

Existem dois tipos principais de células no cérebro: as células gliais e os neurônios. Ao contrário dos neurônios, que não se dividem, as células gliais se multiplicam acompanhando o crescimento do corpo, oferecendo sustentação, nutrientes e oxigênio para os neurônios.

100 trilhões de bites
As estimativas mais conservadoras dizem que temos entre 80 e 90 bilhões de neurônios dentro do crânio, e cada um desses neurônios estabelece cerca de 1 mil a 10 mil conexões com neurônios vizinhos. Em termos eletrônicos, se considerarmos que cada conexão neuronal corresponde a 1 bit, o resultado da capacidade de processamento de dados do cérebro totaliza impressionantes 100 trilhões de bites.

Indo mais além, imagine que cada "bit" cerebral, cada ligação entre os neurônios, corresponda a dois estados mentais diferentes. Por exemplo: quando ligada, uma determinada conexão neuronal seria igual a "acordado", e quando desligada, igual a "dormindo".

Para cada conexão (cada bit), teríamos dois estados mentais diferentes: ligado e desligado, certo? Certo. Então, o número de estados mentais possíveis para um cérebro humano saudável seria igual a 2 (correspondendo às duas configurações possíveis para cada bit) elevado a potência de 100 trilhões (equivalente ao número de bites).

Este número inimaginavelmente enorme é bem maior, por exemplo, que o número total de átomos no universo. E os impulsos bioelétricos que passam por essas conexões transitam a mais de 300 km/h!

Únicos
Sem dúvida alguma, existem estados mentais que jamais foram experimentados ao longo de toda nossa história evolucionária, idéias incríveis esperando por um relance, idéias que poderiam mudar o curso de nossa espécie neste planeta.

A partir desta perspectiva, cada ser humano passa a ser único e raro, e considerar a vida como algo verdadeiramente sagrado começa a fazer algum sentido.

Considerando todo este potencial, não admira que o cérebro, representando apenas 2% do peso corporal, utilize 20% de todo o suprimento de sangue e oxigênio do organismo.

Para manter seu prodígio neuronal sempre afiado é preciso exercitá-lo com freqüência. E e um modo bem divertido de fazer isso é aprendendo coisas novas o tempo todo e utilizando a curiosidade para aguçar o raciocínio.

E por que deixar para depois? Comece agora mesmo a exercitar sua mente com uma brincadeira bem simples: descubra por si só ou com a ajuda de amigos as respostas para as perguntas a seguir.

A solução está no final, mas não vale trapacear!

1. Você tem dois jarros cheios de água. Como poderia passar toda esta água para um só barril sem utilizar os jarros ou qualquer outro recipiente, e ainda assim ser capaz de dizer qual água veio de qual jarro?

2. O que é preto quando você compra, vermelho quando usa, e cinza quando joga fora?

3. Você é capaz de dizer o nome de 3 dias consecutivos da semana sem utilizar números ou as palavras segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira, sexta-feira, sábado ou domingo?

4. O que é mais inusitado no seguinte o texto: "Cultivemos nosso polifônico e fecundo verbo, doce e melodioso, porém incisivo e forte, messe de luminosos estilos, voz de muitos povos, escrínio de belos versos e de imenso porte, ninho de cisnes e de condores. Honremos o que é nosso, ó moços estudiosos, escritores e professores! Honremos o digníssimo modo de dizer que nos legou um povo humilde, porém viril e cheio de sentimentos, berço de heróis e de nobres descobridores de mundos novos".

RESPOSTAS:
1. Congelando a água primeiro.

2. O carvão.

3. Ontem, hoje e amanhã.

4. Este texto não possui uma única letra A, que é a letra mais comum no Português. A ordem de freqüência de ocorrência das letras em português é a seguinte: A E O S I R N D T C M U P L V G B F Q H J X Z K W Y. No inglês, a letra E é a mais comum.

Funções das partes do cérebro
Lobo Frontal - Comportamento, pensamentos abstratos, solução de problemas, atenção, criatividade, algumas emoções, intelecto, reflexão, julgamento, iniciativa, inibição, coordenação de movimentos, alguns movimentos dos olhos, olfato, algumas habilidades motoras, reações físicas e libido.

Lobo Occipital - Visão e leitura.

Lobo Parietal - Tato, capacidade de identificar objetos segundo sua forma (estereognosia), resposta a estímulos internos (propriocepção), combinação entre estímulos sensoriais e compreensão, algumas funções da linguagem, da leitura e da visão.

Lobo Temporal - Audição, memórias (auditivas e visuais), música, medo, fala, linguagem, comportamento e emoções, sentimento de identidade.

Hemisfério direito - Controla o lado esquerdo do corpo, responsável pela relação temporal e especial, análise de informações não-verbais, comunica as emoções.

Hemisfério esquerdo - Controla do lado direito do corpo, produção e compreensão da linguagem.

Cerebelo - Equilíbrio, postura; possui centros de controle para funções cardíacas, respiratórias e vasomotoras.

Tronco cerebral - Centro motor e sensorial para o corpo e a face; possui centros de controle para funções cardíacas, respiratórias e vasomotoras.

Hipotálamo - Estado de humor, motivação, maturação sexual, regula temperatura corporal e vários processos de produção hormonal.

Hipófise - Regula processos de produção hormonal, crescimento e maturação física e sexual.


*Dr. Alessandro Loiola é médico, escritor e palestrante. Autor de, entre outros livros, "Para Além da Juventude - Guia para uma Maturidade Saudável" (Editora Leitura). Fale com ele pelo e-mail aloiola@brpress.net