quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

HISTÓRIA DO NATAL DIGITAL

domingo, 17 de outubro de 2010

Trash Pour 4 - "A Little Respect"

domingo, 10 de outubro de 2010

Duas visões de um mesmo fato

Link da publicação original:

http://www.viomundo.com.br/politica/duas-visoes-de-um-mesmo-fato.html



Você acredita nisto?

Entendeu minha pergunta?
Quero saber se acredita na atitude da publicação, e não no seu conteúdo.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

SWU Filme Passarinhos

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Hawking e a evidência de Deus

03/09/2010

Hawking e a evidência de Deus

por Ulisses Capozzoli

http://blogdasciam.blog.uol.com.br/

O novo livro do físico inglês Stephen Hawking (The Grand Design) tem tudo para dar sequência a uma discussão sem sentido e que, por isso mesmo, tende a levar a lugar algum: a idéia de que a criação do Universo dispensa a necessidade de Deus, ou de um deus, qualquer que seja ele.

Devidamente considerada, a idéia da existência ou não de Deus, sempre intrigou os humanos e, fundamentalmente, os dividiu em dois blocos: os que acreditam e os que não acreditam Nele.

Na sociedade de massas em que vivemos neste início do século 21, no entanto, uma discussão como essa é mais aborrecida que propaganda eleitoral, com seu sonolento desfile de lugares-comuns.

Com alguma frequencia as pessoas querem saber se acreditamos em Deus.

Qual o significado de uma pergunta como esta?

O que o interlocutor imagina que seja Deus? Um velhote vestindo bata-branca, de barbas longas, sentado em um trono tendo ao lado seu indefectível cajado?

Essa é uma idéia possível de Deus?

Aparentemente sim, para boa parte das pessoas.

Evidentemente que se trata de uma imagem infantil ou infantilizada, capaz de revelar conteúdos de natureza psicanalítica, mas incapaz de trazer qualquer contribuição a uma discussão que exige, acima de tudo, refinamento intelectual.

E isso tanto para aceitar quanto negar a existência de uma divindade máxima.

Acreditar que cientistas sejam capazes de resolver questões dessa magnitude é, antes de tudo, falta de informação sobre a natureza da ciência.

A ciência existe para, fundamentalmente, diminuir o sofrimento humano. A ciência é capaz de construir um relato inteligível sobre a natureza das coisas, incluindo a origem do Universo e da nossa surpreendente presença nele.

Mas isso não tem qualquer relação com afirmar ou negar, por exemplo, a existência de Deus. Ainda que uma confusão primária neste caso induza a equívocos como dar sequência a uma conversa sem fim e sem finalidade alguma.

Cientistas, de modo geral, conhecem profundamente (até o ponto que se possa considerar profundo) seus campos específicos de pesquisa. Mas costumam ser igualmente ignorante em outros.

Não muitos homens da ciência transcenderam o conhecimento a ponto de articular considerações promissoras numa ponte capaz de conduzir a conexões com um território tão possivelmente surpreende quanto ao de divindades.

Ou o equivalente disso.

Gênios como Erwin Schrödinger (1887-1961), físico austríaco, foi um deles. Seus escritos relacionados à transcendência de um cotidiano restrito, na direção de planos mais refinados de consciência e possibilidades, são, acima de tudo, experiências de profunda satisfação intelectual.

Mas, aqui, as considerações são de natureza incomparável ao que pensa, entre outros, o biólogo inglês Richard Dawkins (no livro, Deus, um Delírio) vítima do que um psicanalista diagnosticaria como “mania de grandeza”.

A batalha a que Dawkins se entregou, no passado recente, não é outra senão a de acuar e destruir o que ele chama de “Deus”.

Assim, entre homens como Schrödinger e Dawkins, para comparar dois cientistas, há uma separação de bilhões de anos luz.

A exploração da pretensa existência de Deus (seja lá o que isso signifique nos mais diferentes contextos considerados) produziu e continua produzindo, torturas, guerras e destruição ceifando vidas de homens, mulheres, velhos e crianças ao longo de milênios de história.

E a descarada exploração da fé por farsantes que deveriam ser processados com base em leis que caracterizam o estelionato, torna tudo isso pior a cada dia.

A TV está repleta de bispos, pastores e outros impostores de todos os credos baseados numa pretensa e razoável concepção de liberdade religiosa.

Mas fundamentalismo científico não é nem um pouco melhor que tudo isso.

O que dá consistência a uma das frases de efeito de G. K. Chesterton (1874-1934), escritor e poeta inglês para quem, “quando deixamos de acreditar em Deus, passamos a acreditar em qualquer besteira”.

Claro que isso não significa tentar provar o que quer que seja.

Esta é apenas uma frase inteligente.

Conteúdo que sempre falta neste tipo de discussão.

domingo, 12 de setembro de 2010

Falhas de medição invalidam tese do aquecimento global, diz cientista

UOL Ciência e Saúde

Um cientista entre os chamados "céticos do aquecimento global" defende que boa parte dos dados que apontam o aumento da temperatura do planeta devem ser ignorados porque milhares de estações de medição espalhadas pelo mundo estão sendo afetadas por condições que distorcem os seus resultados.

O meteorologista Anthony Watts afirma em um novo relatório que "os dados sobre a temperatura global estão seriamente comprometidos porque mais de três quartos das 6 mil estações de medição que existiam no passado não estão mais em funcionamento".

Watts acrescenta que existe uma "grave propensão a remover estações rurais e de altitudes e latitudes mais altas (que tendem a ser mais frias), levando a um exagero ainda maior e mais sério do aquecimento".

O relatório intitulado "Surface Temperature Records: Policy Driven Deception?" (algo como "Os Registros das Temperaturas da Superfície: Mentira com Motivação Política?", em tradução livre) foi publicado de forma independente, e não em revistas científicas - nas quais os artigos de um autor passam pelo crivo da análise de colegas.

Mas outros pesquisadores apoiam a análise de Watts, incluindo o professor de ciências atmosféricas John Christy, da Universidade do Alabama, que já esteve entre os principais autores do IPCC - o painel da ONU sobre mudanças climáticas.

Evidências

Entre as evidências citadas por Watts para defender sua tese está uma foto que mostra como a estação de medição no aeroporto de Fiumicino, em Roma, está posicionada atrás da pista de decolagem, recebendo os gases aquecidos emitidos pelas aeronaves.

Outra estação de medição está instalada dentro de um estacionamento de concreto na cidade de Tucson, no Arizona.

Essas são situações que, segundo o cientista, afetam o uso dos solos e a paisagem urbana ao redor da estação, refletindo muito mais as mudanças nas condições locais do que na tendência global da Terra.

Na América do Sul, o pesquisador afirma que as estações que medem a temperatura nas altas altitudes deixaram de ser consideradas, levando os cientistas a avaliar a mudança climática nos Andes por meio de uma leitura dos dados na costa do Peru e do Chile e da selva amazônica.

Para o pesquisador, estas falhas tornam "inútil" a leitura dessas medições colhidas em solo. Watts sustenta que o monitoramento via satélite é mais exato e deveria ser o único adotado.

Homem e meio ambiente

O debate provocado pelo professor é lenha no fogo da discussão que opõe cientistas para quem o aquecimento global, se existe, é um fenômeno natural - e tem precedentes na história da humanidade - e cientistas para quem o efeito é causado pelo homem e acentuado pelas emissões de gases que causam o efeito estufa.

Nos últimos anos, os cientistas que alertam para as causas humanas por trás do aquecimento conseguiram fazer prevalecer sua visão, sobretudo no Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês) da ONU, que recebeu inclusive um prêmio Nobel da Paz.

Em uma espécie de "contra-ataque dos céticos do aquecimento", o órgão da ONU foi obrigado no início deste ano a admitir que se equivocou em um dado que apontaria para a possibilidade de as geleiras do Himalaia derreterem até 2035.

No fim de semana, o cientista por trás deste equívoco, Phil Jones, disse à BBC que seus dados estavam mal organizados, mas que nunca teve intenção de induzir ninguém ao erro.

Jones, que é diretor da Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia, disse estar "100% confiante" de que o planeta está se aquecendo e de que este fenômeno é causado pelo homem.

O cientista afirmou ainda que as disputas entre os pesquisadores - a "mentalidade de trincheiras", como ele se referiu - só prejudicam a discussão objetiva da questão.

Stephen Hawking descarta papel de Deus na criação do Universo


O cientista britânico Stephen Hawking afirma em seu novo livro, ainda inédito, que a física moderna descarta a participação de Deus na origem do Universo e diz que aparentemente o Big Bang foi uma consequência natural das leis da física.

Em The Great Design (“O Grande Projeto”, em tradução livre), que teve trechos publicados nesta quinta-feira pelo jornal britânico The Times, Hawking afirma que “a criação espontânea é a razão pela qual existe algo em vez de nada”.

O cientista cita a descoberta de um planeta orbitando uma estrela que não o Sol, ocorrida em 1992, como algo que faz as condições planetárias terrestres – como a relação entre a massa solar e a distância para o Sol, por exemplo - parecerem provas “muito menos convincentes de que a Terra foi cuidadosamente projetada somente para agradar a nós, seres humanos”.

"Devido à existência de uma lei como a da gravidade, o Universo pode e vai criar a si mesmo do nada”, afirma o físico no livro.

"A criação espontânea é a razão pela qual existe algo em vez de nada, do porquê o Universo existe, do porquê nós existimos”, diz Hawking.

The Great Design foi escrito em parceria com o físico norte-americano Leonard Mlodinow e tem lançamento previsto para o próximo dia 9.

Mudança
Os trechos indicam uma aparente mudança de opinião em relação a uma das obras mais conhecidas de Hawking.

Em seu livro Uma Breve História do Tempo, publicado em 1988, o cientista sugeria que a ideia de uma criação divina seria compatível com uma compreensão científica do Universo.

“Se nós descobrirmos uma teoria completa, será o triunfo definitivo da razão humana – pois então nós deveremos conhecer a mente de Deus”, escreveu então o cientista.

Uma Breve História do Tempo teve mais de 9 milhões de cópias vendidas em todo o mundo.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Stephen Hawking: Homem terá que colonizar espaço para sobreviver

LONDRES (AFP) - A raça humana terá que colonizar o espaço nos próximos 200 anos se não quiser desaparecer, advertiu esta segunda-feira o astrofísico britânico Stephen Hawking, em entrevista publicada no site 'Big think'.

Yahoo Notícias - Ciência e Saúde

"Penso que o futuro a longo prazo da raça humana está no espaço. Será difícil evitar uma catástrofe no planeta Terra nos próximos cem anos, sem falar dos próximos mil anos ou dos próximos milhões de anos", declarou o cientista no site na internet que se apresenta como um "fórum mundial que relaciona pessoas e ideias".

"A raça humana não deveria apostar apenas no planeta", acrescentou o cientista.

"Vejo grandes perigos para a raça humana. Em muitas ocasiões no passado, sua sobrevivência foi difícil", afirmou, mencionando em especial a famosa crise dos mísseis, em 1963, em Cuba.

"A frequência de tais ameaças provavelmente aumentará no futuro. Teremos necessidade de prudência e juízo para lidar com elas com sucesso. Sou otimista", disse Hawking.

Segundo ele, "se pudermos evitar uma catástrofe nos próximos dois séculos, nossa espécie se salvará se nos lançamos no espaço".

"Se somos os únicos seres inteligentes da galáxia, temos que garantir nossa sobrevivência", disse o cientista, considerando que o aumento da população mundial e os recursos limitados da Terra ameaçarão cada vez mais a espécie humana.

"Por isso, sou favorável a fazer voos tripulados ao espaço", disse.

Em abril, o cientista havia advertido que se os extraterrestres existissem, os homens deveriam evitar qualquer contato com eles, porque as consequências poderiam ser devastadoras.

Stephen Hawking, de 68 anos, mundialmente conhecido por seus trabalhos sobre o universo e a gravidade, é autor de "Uma Breve História do Tempo", um dos maiores 'best-sellers' da literatura científica.

Sofrendo desde os 22 anos de esclerose lateral amiotrófica, doença degenerativa que provoca paralisia, o cientista desloca-se em cadeira de rodas e se comunica através de um computador e um sintetizador de voz.

sábado, 24 de abril de 2010

Físico brasileiro contesta a teoria do Big Bang

da Livraria da Folha


Em relação à origem do Universo, os pesquisadores se dividem basicamente em dois grupos: os que apóiam a teoria do Big Bang e os que sustentam a hipótese do Universo Eterno.


Livro analisa o surgimento de outras teorias sobre a origem do universo





O brasileiro Mário Novello, doutor em física pela Universidade de Genebra e pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), que está no rol dos cientistas mais respeitados do mundo, é partidário do segundo grupo.

Polêmico por ter contabilizado os grávitons em 10 120 ("1" seguido por 120 "zeros"), partícula que os físicos não são capazes de comprovar a existência, Novello afirma em seu novo livro que a explicação do Big Bang é equivalente aos mitos religiosos.

Leia também: Físico brasileiro faz maior contagem do Universo

Com lançamento previsto para o dia 30 de abril, "Do Big Bang ao Universo Eterno" apresenta as razões históricas que levam a teoria do Big Bang perder seu caráter hegemônico.

Abaixo, leia um trecho do livro.

***

Em dezembro de 2007, concluí, com meu colaborador Santiago Bergliaffa, a redação de um artigo que uma revista científica me convidara a escrever, e que nos ocupou intensamente aquele ano todo. Tratava-se de analisar de modo crítico as diferentes propostas que os cosmólogos produziram, ao longo do século XX até os nossos dias, envolvendo modelos cosmológicos não singulares, isto é, modelos que se opõem frontalmente ao antigo cenário-padrão chamado big bang.

O resultado dessa análise - em que examinamos mais de 400 trabalhos científicos - foi um artigo longo, de mais de 100 páginas, que ganhou o título de "Bouncing cosmologies". Quando, no final do mesmo ano, enviamos o texto para a prestigiosa revista Physics Report, nos demos conta de que aquele era um momento simbólico do fim do paradigma paralisante do modelo explosivo. Com efeito, era a primeira vez, desde os anos 1970 - data que marca o começo da hegemonia do cenário da grande explosão -, que uma revista científica de tão elevada reputação na comunidade internacional da ciência abria tamanho espaço para examinar a questão crucial da cosmologia, a origem do Universo, fora do contexto simplista do cenário big bang.

Nesse cenário, o momento singular, caracterizado por uma condensação máxima pela qual o Universo passou há uns poucos bilhões de anos, é identificado ao "começo do Universo" e não permite análise ulterior. Em oposição, no cenário não singular, o Universo não tem um "começo" separado de nós por um tempo finito em nosso passado; aquele momento de condensação máxima nada mais é que um momento de passagem de uma fase anterior para a atual fase de expansão.

No modelo cosmológico do Universo eterno, nesses cenários não singulares, dá-se um passo a mais, ao procurar uma explicação racional para a expansão do volume total do Universo. Dito de outro modo, trata-se de retirar o limite que os cientistas se impuseram arbitrariamente, no século XX, rumo à análise do que teria ocorrido antes do momento de máxima condensação, produzindo aquele estado único, especial, a partir do qual o volume total do espaço aumentaria com o passar do tempo cósmico, exibindo uma expansão.

O presente livro, baseado no artigo de 2007 e em uma série de conferências que realizei ao longo de 2007 e 2008, introduz o leitor não especialista à seguinte questão: o Universo teve um começo em um tempo finito, ou ele é eterno?

Neste momento, talvez fosse relevante abrir um pequeno parêntese para um comentário pessoal que me parece bastante significativo e exemplifica muito bem por que se manteve durante tanto tempo a exagerada hegemonia de que desfrutou o cenário big bang.

Quando, há uma década, eu estava passando um período de colaboração com cientistas da Universidade de Lyon, na França, fui convidado pelo Conselho Cultural de Villeurbane - região onde está situada aquela Universidade - a apresentar uma conferência para o grande público sobre os avanços da cosmologia. Ao conversar com alguns professores sobre a palestra, comentei que iria apresentar as duas alternativas que os cientistas haviam elaborado para descrever as origens do Universo: as propostas do big bang e do Universo eterno.

Um professor da Universidade de Lyon fez então um comentário que me espantou enormemente. Embora conhecendo minhas críticas a este modelo, disse que eu deveria falar apenas do big bang, acrescentando que não caberia enfatizar as dificuldades de princípio que ele possui. "Para as pessoas que não são especialistas em cosmologia, e mesmo para cientistas de outras áreas", continuou, "não se devem explicitar dúvidas que os cosmólogos possam ter sobre a evolução do Universo. Segundo ele, isso só contribuiria para reduzir o status dessa ciência, abrindo espaço para o aparecimento de explicações de caráter não científico e até transcendentais." Acrescentou que isso se devia à particularidade da cosmologia e à grandiosidade do objeto de seu estudo, estas centenas de bilhões de galáxias e estrelas que podemos observar no Universo.

Respondi-lhe que aquilo ia contra meu propósito de ensinar, entendendo que esta função tem por principal atributo pôr em dúvida todo conhecimento, incluindo aquele que se pretende isento de críticas. E também que vivíamos uma situação de transição, na qual o antigo modelo big bang perdia seu caráter absolutista e hegemônico - o que efetivamente aconteceu na década seguinte. Ademais, acrescentei, deveríamos ter todo cuidado ao deixar sair dos laboratórios e passar para a sociedade informações que os cientistas estão longe de poder demonstrar com toda certeza. Mais ainda: como essas verdades provisórias alcançam imediatamente as páginas dos jornais cotidianos e das revistas não especializadas, devemos, logo que possível, esclarecer e enfatizar essa condição efêmera, com mais razão ainda quando se trata de questões envolvendo tema tão sensível quanto o "começo de tudo".

Embora o problema da "origem do Universo" não tenha, para os cosmólogos, importância primordial - pois é um dentre vários com que se defrontam na produção de uma explicação racional a respeito dos diversos fenômenos observados no Universo -, para a maioria das pessoas ele apresenta um interesse fantasticamente grande, que vai muito além da simples curiosidade eventual e passageira. A razão para isso tem a mesma origem daquela que impulsionou os povos do passado, ao longo da história de todas as civilizações, a produzir mitos cosmogônicos sobre a criação.

O estudo desses diferentes modos de conceber, nas civilizações antigas, de onde e como surgiu tudo que existe possui uma bibliografia vasta e bastante específica. Quanto à forma científica de organizar e divulgar essa questão, a quase totalidade de textos de fácil acesso se limita à versão da criação explosiva. Isso seria aceitável se ela fosse validada pela observação, sem que houvesse qualquer explicação alternativa. Mas, ao contrário, como veremos, ela é precisamente o modelo que inibe uma história racional completa do Universo.

Nas últimas três décadas, houve uma exagerada exposição e exaltação do big bang. Por outro lado, existe um desconhecimento quase completo a respeito do cenário do Universo eterno. Este livro pretende equilibrar a situação. Em alguns capítulos, acrescentei comentários sobre assuntos abordados no texto. No final do livro, incluí um glossário com o intuito de complementar informações e reunir definições simplificadas de termos técnicos.

Antes de começarmos nossa caminhada, porém, devo fazer um comentário adicional. Nos últimos anos, por diferentes razões, a cosmologia tem estado permanentemente sob os holofotes da mídia, seja na imprensa, na televisão ou mesmo em discos com pactos. É fácil constatar que muitas das informações referentes ao big bang são produzidas sem que se obedeça ao compromisso fundamental que qualquer divulgador da ciência - seja ele cientista ou não - deve cumprir. Como a divulgação científica se destina, na maior parte das vezes, a não especialistas - que não possuem as ferramentas formais para avaliar criticamente o que lhes é apresentado -, toda afirmação que se faz e que não teve ainda sua veracidade confirmada pelos métodos convencionais, absolutos e universais da ciência deve exibir para o ouvinte e/ou o leitor sua condição limitada ou provisória. Caso contrário, como já comentei, esse uso indevido do status elevado que a ciência possui nada mais será que uma "máscara atrás da qual se esconde um poder político que não ousa se declarar como tal"

***

"Do Big Bang ao Universo Eterno"
Autor: Mario Novello
Editora: Zahar
Páginas: 132
Quanto: R$ 28,00
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

Chutes involuntários caracterizam síndrome das pernas inquietas

Bastante comum em idosos, o problema é considerado um distúrbio do sono.

Yahoo! BELEZA E SAÚDE

Por Natalia do Vale

Formigamento e inquietação involuntária das pernas que incomoda de tal maneira que fica difícil dormir bem são sinais do quadro que indica a síndrome das pernas inquietas, um mal que atinge 30% da população mundial.

"Existem dois distúrbios do sono relacionados ao movimento das pernas: a síndrome das pernas inquietas e os movimentos periódicos das pernas, que se manifestam em situações de relaxamento, em geral antes de dormir e durante o sono".

"Na síndrome, que antecede o sono, a pessoa sente formigamento e cãibras que só passam quando se movimenta as pernas. No caso dos movimentos periódicos, ocorrem chutes e despertares noturnos", explica a educadora física do Instituto do Sono Andrea Maculano. "O quadro mais comum é que as pessoas apresentem as duas patologias associadas", explica.
Pernas inquietas

A resposta está no sistema nervoso central Diversas observações foram feitas ao longo de anos de estudo sobre a síndrome. Para a especialista do Instituto do Sono, a doença é resultado de uma disfunção no sistema nervoso central que altera a recepção dos estímulos motores pelas pernas.

De acordo com Andrea, não há causas comprovadas do problema, mas sabe-se que algumas situações podem agravar o quadro: "a síndrome está diretamente ligada à falta de ferro no organismo, ao uso de medicamentos que alteram o sistema nervoso central e a fatores genéticos", explica.

A síndrome se caracteriza por movimentos rítmicos, repetidos e estereotipados das pernas, ocasionados por contrações musculares como extensão do dedão do pé, dorso flexão do tornozelo ou graus variáveis de flexão e extensão do joelho ou do quadril. A contração muscular ocorre em intervalos regulares de 10 a 120 segundos.

Saiba mais:
* Expectativa de vida
* Tique nervoso
* Mal de Parkinson

"Muitas vezes a pessoa nem percebe o problema e as contrações se tornam cada vez mais frequentes. Então, tornam-se comuns chutes e insônia. O ideal é buscar ajuda logo aos primeiros sinais do distúrbio para não desenvolver outras patologias e machucar quem compartilha a mesma cama", explica Andrea.

O diagnostico vem após um exame chamado polissonografia, que avalia o padrão do sono da pessoa. "São colocados eletrodos em regiões especificas do cérebro para monitorar o que acontece durante uma noite de sono. Assim o paciente consegue perceber a inquietação", explica.

A idade interfere sim!

Na maioria das vezes, a inquietação das pernas aumenta com a idade. Segundo a especialista, estima-se que 40% dos casos ocorram em pessoas acima de 60 anos.

No entanto, essa síndrome pode ter caráter genético. Nestes casos, os sintomas podem aparecer mais cedo, por volta dos 20 anos ou até mesmo em crianças.

Outras doenças associadas

Em geral, o movimento involuntário das pernas está associado à insuficiência renal, lesão medular, anemia e é mais presente em gestantes devido a redução dos níveis de ferro no organismo durante a gravidez: "alguns nutrientes ajudam a manter o equilíbrio entre as ações dos sistema nervoso e sua execução pelo corpo. Quando há deficiência destas substâncias, ocorrem alterações motoras como as que caracterizam a síndrome", explica Andrea.

Mas nem sempre a inquietação tem origem na falta de nutrientes e, muitas vezes, indica a presença de outras patologias, como as que atingem os rins, a medula e músculos, além de anemia e doenças típicas do sistema nervoso central como o Mal de Parkinson.

Exercícios físicos contra o mal

A prática regular de exercícios físicos é capaz de melhorar os sintomas da síndrome. "Praticar atividades físicas ajuda a manter corpo e mente em equilíbrio. No primeiro momento, partimos para a prática de exercícios coordenados e específicos e, caso na funcionem, prescrevemos o uso de medicamentos que agem direto no sistema nervoso", explica Andrea.

Tratamento Vários tipos de tratamento estão sendo usados para melhorar a síndrome. A especificação de cada um deles depende muito da gravidade do caso e dos impactos no dia a dia do paciente.

"Em geral, usam-se substâncias para o tratamento farmacológico, como, por exemplo, os agentes dopaminérgicos, os opiáceos, os benzodiazepínicos, os anticonvulsivantes e o ferro, que ajudam a controlar os movimentos ou a diminuir a intensidade das contrações", afirma a especialista do Instituto do Sono.

sábado, 17 de abril de 2010

Cérebro divide tarefas simultâneas entre suas metades

FOLHAONLINE

RAFAEL GARCIA
da Reportagem Local

Um experimento francês mostrou que, quando uma pessoa executa duas tarefas ao mesmo tempo, o cérebro divide o trabalho: a metade direita cuida de uma delas e, a esquerda, de outra. A descoberta parece banal, mas gerou surpresa: o cérebro não costuma repartir coisas de modo simples.

O trabalho, realizado no Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica, em Paris, foi conduzido pelos neurocientistas Sylvain Charron e Etienne Koechlin, com 32 voluntários.



Todos tiveram seus cérebros monitorados por uma máquina especial de ressonância magnética enquanto realizavam tarefas passadas pelos cientistas.

O teste começava com as pessoas tendo de montar um quebra-cabeça de letras que vinham embaralhadas. Cada vez que obtinham sucesso, eram recompensados com uma pontuação.

Enquanto voluntários se ocupavam do jogo, a ressonância mostrava que uma parte específica de seus cérebros --o córtex medial frontal, na superfície do órgão, junto à testa- estava ativo em suas duas metades, direita e esquerda, ambas focadas na mesma tarefa.

Isso já era esperado, pois essa área é recrutada pelo circuito cerebral que modula a motivação para perseguir objetivos de acordo com a recompensa.

Quando os voluntários passaram a ter de fazer duas tarefas ao mesmo tempo, porém, o perfil de ativação cerebral mudava. No experimento, isso foi demonstrado com as pessoas tendo de resolver dois quebra-cabeças distintos, um deles em letras maiúsculas e outro em letras minúsculas.

A recompensa para cada um era diferente, mas ambos vinham embaralhados nas mesmas palavras, obrigando os voluntários a resolvê-los no mesmo pacote.

Em espera


Nessa situação, a parte direita do córtex medial frontal se encarregava da tarefa que estava sendo resolvida no momento, enquanto a parte esquerda mantinha a outra "em espera". Quando os voluntários passavam à tarefa secundária, ela trocava de lugar no cérebro.

"Esperávamos ver uma repartição de objetivos, mas foi uma surpresa essa divisão ocorrer de modo tão nítido", disse Koechlin à Folha. O resultado é descrito hoje na revista especializada "Science".

Os neurocientistas sabem que os dois hemisférios do cérebro não funcionam paralelamente. É comum ouvir na cultura popular que o lado esquerdo é "racional", enquanto o direito é "intuitivo".

Desequilíbrio


É uma simplificação, mas o desequilíbrio existe. Regiões cerebrais essenciais para o funcionamento da linguagem, como a área de Broca, só existem do lado esquerdo. Não era de esperar, portanto, que em uma tarefa como o jogo de palavras usado o trabalho fosse simplesmente repartido meio a meio.

"Tarefas com letras normalmente envolvem predominantemente o hemisfério esquerdo", conta Koechlin. "Então, é notável termos descoberto que o lobo frontal direito dirige a tarefa em andamento durante a condição de dupla tarefa. Isso mostra que a divisão encontrada provavelmente não está relacionada a material verbal."

Segundo os pesquisadores, a raiz dessa estruturação no cérebro está na própria maneira de raciocinar. O experimento, dizem, sugere uma explicação sobre por que as pessoas gostam de resolver problemas complexos quebrando-os em decisões binárias, quando, em cada etapa, é preciso escolher uma entre duas opções.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Dano na área do cérebro que toma decisões encoraja riscos

Pessoas com problemas na amídala têm mais possibilidade de fazer apostas arriscadas

SCIENTIFIC AMERICAN Brasil

Apostas arriscadas: tema da neuroeconômica

Imagine que você perdeu o emprego. Mas tem algum dinheiro guardado e a chance de duplicá-lo com uma aposta. Mas, se perder a aposta, perde tudo. O que faria?

A maioria das pessoas não arriscaria suas economias, de acordo com Benedetto De Martino, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, autor de um estudo publicado em 8 de fevereiro em Normas da Academia Nacional de Ciências. Pessoas tendem a preferir evitar perdas em vez de tentar ganhar – comportamento conhecido como aversão à perda.

Mas pessoas com danos na amídala – parte do cérebro com forma de uma amêndoa, envolvida com emoções e tomada de decisões – são mais propícias a encarar grandes riscos, mesmo com pequenos potenciais de ganhos, segundo descobriu o estudo de De Martino. Duas mulheres com danos bilaterais na amídala mostraram redução dramática na aversão à perda quando comparadas com um grupo da mesma idade em uma série de apostas experimentais, apesar de entenderem totalmente valores e riscos envolvidos.

De Martino já suspeitava que a amídala era crucial para a aversão à perda, baseado em estudos anteriores com imagens de ressonância magnética funcional (FMRI – Functional Magnetic Resonance Imaging). Mas esses dois casos raros com danos na estrutura em questão permitiram a De Martino testar diretamente sua hipótese. “Nas imagens da ressonância magnética funcional, você nunca sabe se a resposta está refletindo alguma outra coisa. Com a lesão na amídala, você tem uma resposta direta”, diz De Martino.

Enquanto sujeitos equilibrados que ganhassem US$ 20, mas perdessem US$ 15, apresentam menos tendência a apostar do que se ganhassem US$ 50, mas perdessem US$ 10, as duas pacientes com danos na amídala se afetavam muito menos por grandes diferenças entre potenciais de ganhos e perdas. Em alguns casos, elas optam por apostar mesmo quando o potencial de perdas supera o potencial de ganhos.

O conceito de aversão à perda pode ser aplicado a muitas coisas. Considere, por exemplo, alguém avaliando se submeter a uma cirurgia eletiva. Quanto mais sérias as possíveis complicações – não importando a probabilidade – é menos provável que a pessoa aceite fazê-la. Mas De Martino é especialmente interessado em determinar como a aversão à perda se aplica ao dinheiro. “Meu sonho seria formular uma teoria econômica que pudesse capturar as complexidades do comportamento humano, baseada em pessoas reais e cérebros reais em vez de suposições”, explica. O campo de estudos de De Martino é adequadamente nomeada neuroeconômia. “É uma visão mais biológica das ciências sociais”, diz ele. “Muitos teóricos da economia pensam nos humanos como máquinas e esquecem do processo emocional.”

Em trabalho anterior, De Martino mostrou que danos na amídala fazem as pessoas se comportarem mais como essas máquinas teóricas. “É estranho, mas pessoas com dano no sistema emocional são, paradoxalmente, mais racionais ao tomar certos tipos de decisões. Não levam em consideração nenhum processo emocional.”

De forma interessante, a mais velha das duas mulheres não só não manifestou aversão à perda, como estava até com perda de procura. Essa diferença entre as duas mulheres foi espelhada pelas diferenças entre os grupos de mesma idade. “Conforme você fica mais velho, tem menos aversão à perda”, diz De Martino, explicando que mesmo os sujeitos do grupo de controle mais velhos receavam menos a perda. “Sua perspectiva de vida muda, porque você tem menos anos para viver.” Esse efeito poderia ser consequência das reduções no volume da amídala relacionadas ao envelhecimento – conforme a idade, nosso cérebro diminui. De Martino diz que, somados à idade, outros fatores como renda e educação também estão em jogo.

O dano na amídala não pareceu afetar a aversão ao risco – comportamento similar com uma importante diferença. Pessoas com aversão ao risco têm menos probabilidade de arriscar, mesmo quando não há nada a perder.

Considerando que aversão à perda pode soar abstrata para um economista, segundo De Martino isso provavelmente reflete um mecanismo muito antigo no cérebro. “Pense em um animal. Ele precisa obter comida, mas ao mesmo tempo tem de se proteger dos predadores. Seria muito sábio para um animal avaliar ganhos e perdas em uma perspectiva de evolução.” Embora tenha se passado um longo tempo desde que humanos tinham que se preocupar com predadores, o bem-estar financeiro ainda é necessário para sobrevivência no mundo moderno, ainda que de forma mais abstrata. O estudo de De Martino sugere que a amídala – conhecida por estar envolvida em processar o medo – pode nos deixar com medo do risco de perder dinheiro. “Pode ser que a amídala controle um mecanismo biológico muito geral para inibição do comportamento arriscado quando resultados são potencialmente negativos”, sugere De Martino.