sábado, 29 de agosto de 2009

10 razões para você dormir bem

Vá para a cama e se entregue aos sonhos. Isso é tão importante quanto se alimentar direito e praticar atividade física para prevenir doenças, manter a cabeça a toda e até preservar o casamento

por Diogo Sponchiato

Revista Saúde é Vital!

Há quem não pestaneje em dizer que dormir é sinônimo de perda de tempo. Trabalho, provas, festas, viagens — motivos (ou desculpas) não faltam para deixar a cama de lado. Mas o corre-corre, culpado pela rejeição ao travesseiro, cobra seu preço. Mais do que uma ilusão, fugir do sono é desferir um golpe no próprio corpo. No último congresso mundial de estudiosos desse assunto, o Sleep, realizado recentemente nos Estados Unidos, não restaram dúvidas: além de repor a energia, trata-se de um antídoto contra problemas bem mais graves que as visíveis olheiras.

Mas saiba que o descanso não exige apenas oito horas sob os lençóis. Ele requer regularidade — sim, o ideal é adotar um horário para despertar e outro para se deitar. “O sono também não deve ser fragmentado, ou seja, interrompido muitas vezes ao longo da noite”, avisa o neurologista Rubens Reimão, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Esses cuidados são cruciais para que o organismo relaxe e cumpra tarefas exclusivas da madrugada. “É nesse período que produzimos o hormônio do crescimento, caro à recuperação dos músculos e dos ossos”, diz Reimão. E ainda fabricamos a melatonina, que zela pelas células e dá corda no relógio biológico. Bem, não vá bocejar justo agora. Trate de espantar por alguns minutos a vontade de contar carneirinhos e confira o que a ciência tem comprovado sobre os benefícios de pregar os olhos.

1. O elixir da longa vida
Assim poderia ser definido o sono — e não há exagero nessa afirmação. Um de seus efeitos protetores foi revelado por um estudo apresentado no Sleep. O trabalho acompanhou 5 mil americanos durante oito anos. Os indivíduos que prezaram um bom descanso noturno tornaram- se menos vulneráveis a todo tipo de doença. “As pessoas que dormem menos de seis ou mais de nove horas correm mais risco”, conta a líder da pesquisa, Alison Laffan, da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins. Quando falamos em sono, nem sempre quantidade espelha qualidade. Ficar tempo demais debaixo das cobertas pode ser o resultado de uma noite conturbada e não reparadora. “E essa condição aumenta a pressão arterial, favorecendo males cardiovasculares”, diz a cientista.

2. Em paz com a balança
A batalha para emagrecer parece invencível? Então avalie como andam suas noites. Existem fortes indícios de que ficar em claro financie essa derrota. “A privação de sono faz cair a produção de leptina, o hormônio da saciedade”, afirma o neurologista Luciano Pinto Júnior, presidente da Associação Brasileira do Sono. Quem não apaga como deveria tende a exagerar nas refeições e ainda tem pouca disposição para se exercitar. O excesso de peso, aliás, costuma ser acompanhado pela apneia, distúrbio marcado por roncos e interrupções na respiração durante a noite. “Cerca de 50% dos obesos sofrem dessa doença, que contribui para perpetuar os quilos a mais”, diz a cardiologista Germana Linhares, da Universidade Federal do Ceará.

3. Xô, diabete!
Há alguns anos a insônia é acusada de incentivar esse mal. Um estudo da Universidade do Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, encontrou uma nova prova dessa perigosa ligação: pacientes insones — que têm dificuldades para adormecer ou manter o sono — estão mais sujeitos ao diabete tipo 2. Outro trabalho realizado em solo ianque, também discutido no Sleep, concluiu que tanto dormir de mais como de menos prepara o terreno para o transtorno. Embora nem todos os mecanismos para justificar esse elo tenham sido decifrados, os especialistas creem que a privação de sono — intencional ou patológica — atrapalhe a ação da insulina, o hormônio que leva o açúcar para dentro das células. Esse seria o primeiro passo para o desenvolvimento do mal do sangue doce.

4. DNA resguardado
O código genético é o primeiro da fila a sofrer retaliações pelas noites maldormidas. Para calcular até que ponto as unidades do genoma se alteram devido a esse serão às avessas, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) submeteram um grupo de ratos a uma experiência. Eles impediram que os bichinhos chegassem ao estágio mais profundo do sono, a fase REM, durante quatro dias. “Ao analisar mais tarde o cérebro dos animais, notamos mudanças nas expressões de genes ligados à manutenção da atividade celular e à proteção contra radicais livres”, conta Camila Guindalini, uma das autoras. É provável ainda que tais modificações tenham ocorrido em outros cantos do corpo. Mas o que aconteceria se, depois desse suplício, os ratos pudessem repousar por 24 horas? Camila e os colegas fizeram o teste. “Apenas 62% dos genes alterados voltaram ao normal”, diz. Agora, a equipe já analisa o impacto da carência do sono REM em seres humanos. Apesar de ser possível restabelecer o DNA após um final de semana em claro, esse caminho se torna sem volta quando a privação de sono é contínua. Afinal, isso pode corroborar mutações, transformações irreversíveis nos genes que estão por trás de males degenerativos.

5. Cabeça nota 10
Esta é para você convencer seu filho a largar o computador e ir para a cama antes da meia-noite. Segundo um trabalho da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, um sono de qualidade aprimora o desempenho acadêmico. Após avaliar 56 adolescentes, os pesquisadores observaram que quem dormia pouco ou acordava muito ao longo da noite teve as notas mais baixas em disciplinas como matemática e línguas. “O repouso fragmentado é prejudicial porque impede de chegar aos estágios mais profundos do sono”, diz a biomédica Deborah Suchecki, da Unifesp. A especialista está finalizando um estudo com achados semelhantes. “Animais que aprendem uma tarefa e são privados de sono têm uma pior performance quando vão realizá-la”, conta. “Mas, se os deixamos dormir, sua atuação é tão boa quanto a dos animais que não são desprovidos de descanso.”

6. Ideias a mil
Há dias em que quebramos a cabeça para resolver um problema e, após horas extenuantes, não conseguimos dar cabo dele. Daí, basta uma bela adormecida para na manhã seguinte cumprir a tarefa em minutos. Ora, dormir é um remédio para a criatividade. Quem assina embaixo é a expert em sono Sara Mednick, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, que acaba de mensurar esse potencial. “Descobrimos que a fase REM, aquela em que sonhamos, melhora em até 40% a habilidade de solucionar questões que exigem nosso lado criativo”, conta. “Isso porque nesse estágio ocorrem associações entre ideias que antes estavam desconexas”, explica Mednick. “Durante os sonhos, o cérebro processa os eventos do dia e se prepara para resolvê-los”, comenta Deborah Suchecki.

7. Em prol da memória
Todos já devem ter ouvido falar que dormir bem é fundamental para a consolidação das lembranças. Isso é fato. Mas uma pesquisa apresentada no Sleep pela Universidade Harvard, também em terra americana, atesta que ela faz toda a diferença na hora de selecionar o que é mais relevante guardar para o futuro. “À noite o cérebro reprocessa as informações e passa a armazenar a memória”, afirma a neurologista Suzana Schonwald, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. “Ele realiza uma espécie de transferência de arquivos”, compara. Esse serviço permite escolher e fixar as recordações que conservaremos para o resto da vida

8. Poder anticâncer
A calada da noite é um momento ímpar para que as forças de defesa se organizem e estejam aptas a desarticular tumores o mais cedo possível. Quando estamos aconchegados no travesseiro, nosso corpo libera substâncias que participam direta ou indiretamente dessa missão. A melatonina, por exemplo, ativa linhas de combate contra os radicais livres que lesam o DNA. Como ela é fabricada depois que o sol se põe, é vital que não troquemos a noite pelo dia. “Estudos apontam que trabalhadoras noturnas correm mais risco de desenvolver câncer de mama”, exemplifica Rubens Reimão. Não bastasse corrigir falhas genéticas que culminam na doença, esse apagão temporário (e benéfico) do organismo retardaria sua evolução.

9. Felizes para sempre
O casal que se ama deve cuidar da qualidade das suas noites — e não estamos falando da agitação entre os lençóis. O psicólogo Brant Hasler, da Universidade de Pittsburgh, constatou, depois de analisar 29 pares, que um sono irregular patrocina crises conjugais. “Existe um ciclo vicioso: os parceiros que vivem discutindo dormem mal, e isso, por sua vez, piora a relação no dia seguinte”, explica. “Consideramos um sono problemático quando os participantes demoravam muito para adormecer e acordavam várias vezes na madrugada”, esclarece Hasler. Para os casais que estão em pé de guerra, o especialista deixa um conselho: “Tente resolver os conflitos antes de se deitar, porque eles podem perturbar o sono, dando continuidade às brigas”.

10. Coração forte
Na verdade, todos os vasos são gratos quando a gente se desliga do plugue à noite. A retribuição a esse investimento é uma probabilidade bem menor de ser vitimado por infartos e derrames. “O déficit de sono coloca o corpo em estado de alerta, o que dispara a produção de hormônios ligados ao estresse e eleva a pressão arterial, condições favoráveis à doença cardiovascular”, explica a bioquímica Michelle Miller, da Universidade Warwick, na Inglaterra. Madrugadas turbulentas resultam numa indesejada descarga de adrenalina na circulação, algo que corrompe a elasticidade das artérias. Perigo dobrado correm os portadores de apneia do sono. “Ela já é considerada um fator de risco independente para a hipertensão”, afirma Germana Linhares. E a pressão nas alturas, como você sabe, é o estopim para ataques cardíacos e cerebrais.

Por falar nisso, a privação de sono é ainda mais devastadora ao coração feminino. Foi o que comprovou a pesquisadora Michelle Miller ao analisar mais de 4 600 ingleses. “Diferentemente dos homens, as mulheres que dormiam menos de cinco horas por dia apresentavam níveis elevados da proteína C-reativa no sangue”, revela Michelle. Essa molécula é usada pelos médicos como um marcador do risco cardiovascular porque indica o grau de inflamação no organismo. “Os processos inflamatórios, estimulados pelo pouco sono, favorecem a formação de placas nas artérias”, justifica Michelle. Ainda não se sabe por que elas estão mais suscetíveis à ameaça, mas os marmanjos não devem sair por aí contando vantagem. Boas noites de sono são imprescindíveis a qualquer um que pretenda manter a saúde em forma.

10 Mandamentos para dormir bem:

1. Conserve o quarto escuro
2. Não durma em um ambiente barulhento
3. Estabeleça um horário para se deitar e outro para acordar diariamente
4. Não troque a noite pelo dia
5. Apague para sempre o cigarro
6. Não beba café à noite
7. Não abuse de bebida alcoólica
8. Mantenha a forma
9. Pratique atividade física de manhã ou à tarde
10. Se estiver com dificuldades para dormir ou sentir sonolência durante o dia, procure um médico

Principais distúrbios:

1. Insônia: é a dificuldade em adormecer e manter o sono ao longo da noite. Suas causas são múltiplas — de transtornos psicológicos a tabagismo, além de consumo abusivo de café, álcool e energéticos. O tratamento varia de acordo com a origem do problema, mas geralmente são usados remédios que instigam a sonolência.

2. Apneia do sono: famosa pelos roncos, a doença é caracterizada por interrupções na passagem de ar pela faringe, que podem durar de dez segundos a um minuto. O perigo é que a barulheira noturna deixa o organismo sob estresse e reduz o aporte de oxigênio aos tecidos. Para controlá-la, existem cirurgias, aparelhos bucais e equipamentos como o CPAP, que regularizam a respiração enquanto o indivíduo dorme.

Assim adormece a humanidade:

1. Recém-nascidos: 16 horas
2. Crianças: entre 10 e 12 horas
3. Adolescentes: entre 8 e 9 horas
4. Adultos: 8 horas
5. Idosos: entre 6 e 7 horas

As cinco fases do sono

Elas se repetem em quatro a cinco ciclos ao longo da noite e são essenciais para restaurar o corpo e a mente

1. Estágios 1 e 2: o primeiro também é chamado de estado de sonolência porque representa a transição para o sono. Já no segundo há um bloqueio dos estímulos que vêm do ambiente.

2. Estágios 3 e 4: entramos nas estações mais profundas do sono. O organismo passa a produzir hormônios que atuam na recuperação dos músculos e do esqueleto.

3. Fase REM: é o estágio em que sonhamos. É caracterizado por uma alta atividade cerebral e considerado o período mais importante para o restabelecimento das funções cognitivas.

domingo, 9 de agosto de 2009

Quando as pessoas queridas parecem impostoras

The New York Times
Por Benedict Carey





Adam Lepek, 19, que sofreu um acidente de moto,
com seus avós Al e Mary Kott em Weedsport





Adam Lepak olhou para sua mãe e disse: "Você é falsa".

Foi numa terça-feira em julho, no fim do dia, e Cindy Lepak percebeu que seu filho de 19 anos estava exausto. Dias longos como esse, com horas de fisioterapia e exercícios de memória - "sofri um acidente de moto, bati a cabeça e tenho problema para lembrar das coisas; eu sofri um acidente de moto" - normalmente levavam-no a fazer esse tipo de acusação.

"O que você quer dizer com 'falsa', Adam?", ela perguntou.

Ele levantou a cabeça. "Você não é minha mãe de verdade", disse ele.
Sua voz mudou. "Sinto pena de você, Cindy Lepak. Você vive nesse mundo. Você não vive no mundo real."

Os médicos sabem há aproximadamente cem anos que um pequeno número de pacientes psiquiátricos se tornam profundamente desconfiados de seus relacionamentos mais íntimos, normalmente se isolando daqueles que os amam e cuidam deles. Eles podem insistir que o cônjuge é um impostor; que seus filhos são sósias; que uma enfermeira, um amigo íntimo, e até a família inteira são falsos, uma versão duplicada.

Delusões desse tipo normalmente são sintomas de esquizofrenia. Mas na última década, os pesquisadores documentaram delusões parecidas em centenas de pessoas que não são esquizofrênicas, mas têm problemas neurológicos que incluem demência, cirurgia cerebral ou golpes traumáticos na cabeça.

Um pequeno grupo de pesquisadores do cérebro está agora investigando as síndromes de falta de identificação, como são chamadas as delusões, em busca de pistas para um dos problemas mais confusos da ciência do cérebro: a identidade. Como e onde o cérebro mantém o "eu"?

O que os pesquisadores estão descobrindo é que não há um único "ponto da identidade" no cérebro. Em vez disso, o cérebro usa diferentes regiões neurais, trabalhando juntas, para sustentar e atualizar as identidades de si mesmo e dos outros. Aprender o que forma a identidade, dizem os pesquisadores, ajudará os médicos a compreenderem como algumas pessoas preservam suas identidades diante da demência progressiva, e outros, lutando contra lesões como a de Adam, às vezes conseguem reconstruir essa identidade.

"Quando escrevi meu primeiro caso como esse, em 1987, ninguém estava muito interessado; era uma curiosidade", disse o dr. Todd E. Feinberg, neurologista e psiquiatra da faculdade de medicina Albert Einstein e centro médico Beth Israel, que acabou de publicar um livro sobre o assunto: "From Axons to Identity" ["Dos Axônios à Identidade"]. (Os axônios são fibras nervosas.)

"Agora há uma explosão de interesse por esses casos", disse Feinberg, "por causa de sua relação com o eu, com a neurobiologia da identidade - com o que significa ser humano".

Quem é?

"Quem é essa pessoa, Adam?", perguntou um fisioterapeuta chamado Mike numa manhã recente, sustentando o corpo magro do jovem em frente a um espelho de corpo inteiro, com uma enfermeira ajudando a segurá-lo do outro lado. "Quem você vê lá?"

"Mike".

"Certo", disse Pat Taisey, a enfermeira, que passa a maior parte dos dias com ele em casa quando os Lepak estão no trabalho. "Mas quem mais você vê no espelho, Adam?"

"Você. Pat."

"Sim, mas quem mais?", disse ela.

Um sorriso incerto surgiu no rosto de Adam.

Há dois anos não era uma pergunta difícil de responder. Ele estava no primeiro ano na faculdade, tinha uma namorada e um grupo fiel de amigos. Um vegetariano, um louco por esportes, um mestre do sarcasmo, do tipo mais excêntrico. Ele era baterista da banda Sacred Pledge, de orientação "straight edge" (estilo de vida que proíbe as drogas, o álcool e o sexo promíscuo), que estava começando a fazer sucesso na cena hardcore da região de Syracuse.

Depois de seu último ano de colegial em Weedsport, ele partiu numa van com sua banda e viajou por todo o país, tocando em clubes e festas, dormindo no chão, procurando comida no lixo e dormindo na praia na Califórnia.

"Fiquei tão feliz que o deixamos ir", disse Cindy Lepak. "Ele decidiu que aquela vida não era para ele." Matriculou-se na faculdade comunitária Cayuga, na cidade de Auburn.

Ele estava atrasado para a aula numa manhã de outubro de 2007, voando numa leve subida da estrada Weedsport Sennett com a moto Honda Interceptor da família, quando viu - tarde demais - que um carro em sua faixa havia parado para fazer um retorno. Ele desviou do carro; Adam estava de capacete, mas perdeu o controle da moto e rolou com força sobre o asfalto. Ele passou a maior parte dos seis meses seguintes num estado quase vegetativo, mudo e praticamente imóvel.

O diagnóstico foi dano axonal difuso. "A definição do livro significa basicamente um golpe que desliga o monte de fios responsáveis por nos manter conscientes", disse o dr. Jonathan Fellus, neurologista do instituto Kessler para Reabilitação em West Orange, Nova Jersey, que supervisionou a recuperação gradual de Adam. "É como se as principais rodovias tivessem sido atingidas e agora o cérebro tem que usar estradas menores para funcionar. Mas cada cérebro responde de um jeito diferente. Eu desisti de fazer previsões."

Os pesquisadores que capturaram imagens do cérebro enquanto ele processa informação relacionada à identidade pessoal perceberam que várias áreas ficam particularmente ativas. As chamadas estruturas corticais da linha média se parecem com o núcleo de uma maçã, saindo dos lobos frontais próximos à testa e indo até o centro do cérebro.

Essas áreas frontais e da linha média se comunicam com regiões do cérebro que processam a memória e a emoção, no lobo médio-temporal, localizados em profundidade, abaixo de cada uma das orelhas. E os estudos sugerem fortemente que durante as delusões da identidade, esses centros de emoção ou não estão bem conectados às áreas da linha média frontal, ou não fornecem informações de forma adequada. A mamãe se parece e soa exatamente como a mamãe, mas a sensação de sua presença é perdida. Ela parece de certa forma irreal.

A delusão de identificação clássica é chamada síndrome de Capgras, que foi batizada a partir do psiquiatra francês dr. Jean Marie Joseph Capgras, que junto com o dr. Jean Reboul-Lachaux descreveu em 1923 o caso de uma paciente de 53 anos "que transformou todas as pessoas ao seu redor, mesmo as mais íntimas, como seu marido e sua filha, em vários e inúmeros dublês".

Numa análise desses casos publicada em janeiro na revista "Neurology", o dr. Orrin Devinsky, neurologista da Universidade de Nova York, documentou que as pessoas com delusão normalmente têm mais danos no hemisfério direito do que no esquerdo. O pensamento linear e a linguagem tendem a ser funções predominantes no hemisfério esquerdo, enquanto os julgamentos holísticos - de entonação ou ênfase, por exemplo - tendem a ser processadas mais do lado direito. Devinsky argumenta que quando as pessoas não sentem um brilho emocional familiar na companhia de um parente ou uma pessoa querida, o hemisfério esquerdo, sem a inspeção do hemisfério direito, danificado, resolve o conflito com sua lógica categórica. A pessoa deve ser uma impostora.

"E se você tem outros danos nas áreas corticais que checam a realidade, que fazem os julgamentos sobre o que é certo ou errado, então você não têm como corrigir esse erro", disse Devinsky.

Nos melhores dias, como na manhã da fisioterapia, os centros emocionais de Adam parecem se religar aos circuitos que funcionam em seu cérebro. Depois de alguns momentos observando sua imagem no espelho, seu sorriso mudou de incerto para malicioso e respondeu à pergunta dos terapeutas.

"Eu?", disse ele.

Irmão, amigo e filho

Depois do acidente, o irmão mais novo de Adam, Nick, ajudou o máximo que pode, e uma das formas de fazer isso, segundo os especialistas, é simplesmente agir como irmão. Nick fez o seu melhor.

"Eu o deitei no chão da cozinha outro dia, e segurei um cubo de gelo sobre sua cabeça e deixei pingar sobre sua testa; um tipo de tortura chinesa com água", disse Nick. "Ele ficou maluco, ficou muito irritado. Mas depois teve um ótimo dia".

Ninguém sabe quais tratamentos ou exercícios podem levar um cérebro danificado a preservar ou reconstruir a identidade coerente - a asfaltar as estradas neurais periféricas. Mas os neurocientistas geralmente concordam que isso pode acontecer. O cérebro é "maleável", sugerem as pesquisas recentes; áreas intactas podem recrutar tecido cerebral saudável das proximidades para contornar os danos e compensar pela perda de função.

Isso não parece acontecer, entretanto, sem esforço; para redirecionar o tráfego para outras vias, o cérebro precisa do tráfego, dizem os cientistas. Ele precisa estar ativo, resolver problemas, enfrentar expectativas sociais.

Para pessoas que estão se recuperando de sérios danos cerebrais, vários experimentos sugerem que a esperança está exatamente com aquilo que foi perdido, ou seja, o contato com um ambiente social familiar.

Em um dos estudos de imagens cerebrais de 2005, os neurocientistas de Nova York descobriram que o som da voz de uma pessoa querida ativava circuitos amplamente distribuídos em dois pacientes com danos severos que só de vez em quando conseguiam responder a comandos. No ano passado, uma equipe de neurocientistas espanhóis reproduziu a mesma descoberta.

Nos estudos de demência, os pesquisadores descobriram que algumas pessoas que permanecem lúcidas até uma idade muito avançada têm cérebros que pareciam tomados pelo mal de Alzheimer. Muitos deles continuavam sociáveis até o fim, participando de jogos de cartas ou conversas com amigos, coisas que exigiam seu esforço mental.

Durante seus primeiros seis meses na Kessler em Nova Jersey, enquanto estava deitado e mudo, Adam ouviu muitas vozes familiares. Sua mãe esteve ao seu lado todos os dias; seu pai viajava quatro horas desde Nova York todo fim de semana. Sua namorada, Sarah Huey, fazia visitas junto com a mãe a cada quinze dias. Seus amigos o visitavam em grupos.

Logo ele começou a mover seu polegar em resposta a perguntas e comandos - um sinal certeiro de que ele havia entrado num estado de consciência mínimo, uma transição necessária para recobrar a total consciência. "Foi muito difícil no começo", disse seu pai, Mike Lepak.

"Você simplesmente espera que possa de alguma forma dar uma partida em seu cérebro."

Em casa ele experimentou outro tipo de familiaridade e começou a andar, sem muito equilíbrio, e falar, até então em breves sentenças.

Sua mãe ficou responsável por grande parte do trabalho difícil de cuidar dele em casa: treinos de memória, perguntas constantes, a contratação de uma enfermeira durante o dia, além de discutir com o plano de saúde. Os Lepak conseguiram tratá-lo com uma combinação de seguro privado e ajuda estadual e federal. O pai construiu uma extensão na casa para tornar mais fácil a movimentação de Adam; ele ainda passa a maior parte do tempo numa cadeira de rodas.

Ainda assim, o máximo possível, as pessoas em sua vida começaram a tratá-lo como Adam. "Acho que essa é a minha oportunidade de descontar tudo o que ele fez comigo", disse Nick. "Ele é meu irmão."

Os amigos o visitam com frequência e o levam para almoçar, para fazê-lo rir.

Sentados à mesa da sala de jantar numa tarde recente, oito deles contaram histórias sobre a época anterior ao acidente. O centro da atenção pareceu carrancudo a princípio. Ele reagiu depois de ouvir algumas histórias familiares. A história sobre como eles roubavam sacos de doces estragados de uma cafeteria próxima e os atiravam contra os táxis. A vez que ele fez com que um amigo caísse da cadeira com um explosivo bem posicionado. As risadas aumentavam a cada história. Adam mostrou um sorriso, e então, depois de um tempo, o grupo ficou quieto.

"Você tem uma história, Adam?", disse um dos amigos, Sean Steinbacher.

"Isso, conta", disse outro, Shane DiRisio. Ele não estava brincando.

"O que há de errado com você, Adam? Você não tem uma história?"

Ele não tinha. Ele tinha um comentário. Ele os olhou com carinho.

"Esses caras", disse ele com um sorriso, "não prestam".

Começando de novo

Feinberg, do Albert Einstein, vê as delusões de identificação como defesas psicológicas primitivas, como resultado de danos aos lobos frontais direitos que a maioria desses pacientes têm. Essas defesas incluem a negação de que a doença existe, a projeção do problema nos outros ou a fantasia de que a vida diária é de certa forma irreal.

"Essas são as defesas de uma criança de 3 a 8 anos", disse Feinberg. "Mas é importante compreender que essas defesas são uma adaptação positiva. O cérebro está lutando para sobreviver".

A capacidade de inibir essas defesas, de compreender que nem todos as têm, é uma prova de que as áreas frontais do cérebro estão voltando aos trilhos, disse ele.
Nas últimas semanas, Adam tem mostrado cada vez menos delusões. Uma viagem de uma hora de carro em julho para um rancho em Groton, Nova York, que oferece passeios da cavalo para pessoas com deficiências, a mente de Adam estava agitada. "Mãe", chamou ele repetidamente. "O que aconteceu comigo?"

"Você me diz, Adam", disse sua mãe em determinado momento. "Você acabou de me dizer há um minuto. Você sabe o que aconteceu. Você sabe."

"Eu não quero dizer a você", disse ele.

"Por que não?"

"Porque você acha que sou louco", disse ele.

"Não, não acho. Diga."

"Não", disse Adam Lepak, e olhou pela janela por um momento, parecendo perdido em pensamentos.

"Mãe?", disse ele, ainda olhando pela janela.

"Sim, Adam."

"Acho que eu sofri um acidente de moto".

Tradução: Eloise De Vylder

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Henry Gustav Molaison - O homem sem lembranças

Um acidente, que transformou a memória de um americano comum em um grande vazio, deu origem a conhecimentos científicos fundamentais nos últimos 50 anos

Revista Mente Cérebro

por Luciana Christante
farmacêutica e jornalista científica

A história de um dos mais célebres pacientes das neurociências é marcada por uma grande ironia. Uma tragédia particular, que transformou a memória de um homem saudável em um campo vazio, acabou dando origem a conhecimentos engendrados pela ciência nos últimos 50 anos. As informações explicam boa parte do que se sabe atualmente sobre como o cérebro destila o fluxo do tempo para converter presente em passado. O poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto escreveu que “é preciso cultivar o deserto como um pomar às avessas”. Foi o que aconteceu com o americano Henry Gustav Molaison, mais conhecido como H.M. – o adágio poético que se concretizou em realidade científica.

Em 1933, o caminho do pequeno Henry, então com 7 anos, foi atravessado violentamente por uma bicicleta, em Hartford, capital do estado americano de Connecticut. Depois da queda e da forte batida da cabeça que o deixou inconsciente por cerca de cinco minutos, o menino pareceu recuperado e seguiu a vida normalmente. Convulsões leves começaram a aparecer três anos depois, mas ninguém as associou ao acidente, já que três de seus primos paternos de primeiro grau sofriam de epilepsia. A primeira convulsão intensa ocorreu no dia em que o rapaz completava 16 anos. Daí para frente as crises só pioraram em gravidade e frequência. Aos 27 anos, eram cerca de dez por semana, obrigando-o a deixar o emprego numa fábrica de automóveis. Medicamento algum surtia efeito, mesmo em altas doses.

CAMINHO SEM VOLTA

Se a cirurgia a que foi submetido em 1953 de fato acabou com o tormento das convulsões, em compensação, aniquilou a capacidade de H.M. de gravar novas memórias, o que foi transformando as remanescentes, ao longo das décadas seguintes, num conjunto cada vez menor de lembranças remotas e desbotadas. “Agora mesmo, eu me pergunto, será que disse ou fiz alguma coisa errada? Veja você, nesse momento tudo parece claro para mim, mas e o que acabou de acontecer? Isso me preocupa. É como acordar de um sonho. Eu simplesmente não lembro”, disse Molaison certa vez.

William Scoville, então diretor do Departamento de Neurocirurgia do Hospital de Hartford, aceitou o desafio de operar H.M., e em 1o de setembro de 1953 fez a ressecção bilateral do lobo medial temporal, um procedimento experimental em grande parte com base nos trabalhos do americano Wilder Penfield, pioneiro em neurocirurgia e que na época fazia uma brilhante carreira na Universidade McGill, em Montreal, no Canadá. Eram as psicoses, e não a epilepsia, a especialidade de Scoville; mesmo assim não havia nas redondezas neurocirurgião mais habilitado que ele para o caso único e gravíssimo, que justificava medidas radicais.

A extensão exata da ressecção operada no cérebro de Molaison só foi conhecida em 1997, quando uma ressonância magnética (durante muitos anos postergada por não haver certeza de que os grampos aplicados nas meninges não trariam riscos ao paciente caso se deslocassem dentro do equipamento) revelou que ela era menor do que a descrita por Scoville, em 1953. Ainda assim, a lesão não foi pequena, estendendo-se por 5 cm desde a extremidade anterior do lobo temporal, cobrindo dois terços do hipocampo, além do giro para-hipocampal, úncus e amígdala. Naquela época ninguém podia prever consequências tão adversas. A memória era concebida como uma função cognitiva amplamente distribuída pelo córtex cerebral, inseparável das funções sensoriais e intelectuais. Ao saber que Penfield apresentara dois casos semelhantes aos de H.M. (porém com lesões unilaterais do lobo temporal medial) na reunião da Associação Americana de Neurologia daquele mesmo ano, Scoville não teve dúvidas e pediu auxílio ao colega do Canadá.

Indicada por Penfi eld para realizar testes em H.M., a psicóloga britânica Brenda Milner, então com 37 anos, atravessou de trem os 420 quilômetros que separam Montreal de Hartford, trajeto que faria incontáveis vezes nos 30 anos seguintes. Formada em Cambridge, Reino Unido, ela trabalhava com o mestre no Instituto Neurológico de Montreal desde 1950 e havia concluído seu doutorado, em 1952, com Donald Hebb, outro gigante das neurociências, pioneiro da neuropsicologia. De volta à Universidade McGill, Milner descreveu H.M. como alguém que “esquece eventos diários tão rápido como eles ocorrem, aparentemente na ausência de qualquer perda intelectual geral ou distúrbio perceptivo. Ele subestima sua idade, pede desculpas por esquecer o nome das pessoas. É como se tivesse acordado de um sonho. Cada dia é único em si mesmo”.

Suas observações, bem como os resultados dos primeiros testes neuropsicológicos, foram publicadas em 1957 num artigo antológico, em co-autoria com Scoville, que é um dos mais citados das neurociências (cerca de 2.500 citações). Houve, no entanto, resistência entre os colegas cientistas, que logo evoluiu para ceticismo quando lesões semelhantes feitas em macacos não surtiram a mesma resposta. Os animais conseguiam aprender tarefas para as quais H.M. se mostrava incapaz. Só anos depois se descobriu que, em primatas não humanos, certas tarefas de discriminação visual como as que foram usadas dependem de circuitos neurais localizados não no lobo temporal, mas em outra região conhecida como gânglios da base.

Com o passar dos anos, diferentes testes neuropsicológicos, muitos deles engenhosamente elaborados por Brenda, foram permitindo destrinchar a memória em suas diversas facetas, graças ao fato de as funções intelectuais e sensoriais de Molaison estarem intactas. Ele conseguia, por exemplo, memorizar uma sequência de três números por até 15 minutos, por meio de um treino que organizava os dígitos segundo um esquema mnemônico. No entanto, quando sua atenção era desviada para outro foco, a informação era imediatamente perdida. Resultados como esses foram fundamentais para consolidar a distinção entre memória de curto e longo prazo, que já havia sido imaginada por William James no fim do século XIX, mas até então não havia sido claramente demonstrada. Entretanto, a descoberta mais surpreendente proporcionada por H.M. está relacionada à distinção entre o que hoje chamamos de memória explícita e implícita, também conhecida como declarativa e procedural, respectivamente. O “momento eureka” veio depois que Brenda pediu ao paciente para copiar o desenho de uma estrela, numa condição em que ele só podia ver a figura e a própria mão por meio de espelhos. Depois de dez sessões de treinamento, seu desempenho melhorou nitidamente e se manteve ao longo de três dias, ainda que para ele a tarefa fosse sempre inédita. Essa foi a primeira demonstração de que há um tipo de memória, particularmente associada a tarefas motoras (como dirigir um carro ou uma bicicleta), que não depende de processamento consciente e reside em alguma outra região cerebral que não o lobo temporal medial.

RESTOS DO PASSADO

As lembranças preservadas de H.M. também forneceram pistas importantes sobre localização cerebral. Sua amnésia anterógrada era parcial, cobrindo apenas os três anos anteriores à cirurgia (realizada quando ele tinha 27 anos). Assim, sua capacidade de reconhecer a face de pessoas que ficaram famosas até o fim dos anos 40 era tão boa ou melhor que a de voluntários saudáveis e não se modificou ao longo do tempo. A evidência sugeria que o lobo temporal medial não era o destino final do conhecimento previamente adquirido, o que se comprovou posteriormente. Mas a resposta foi diferente no caso das memórias autobiográficas, definidas como eventos únicos no tempo e no espaço. Em Molaison, a evocação deste tipo de lembrança foi mudando com o avançar da idade, tornando-se menos vívida e mais abstrata. Daí surgiu a hipótese, mais tarde confirmada, de que memórias associadas a coordenadas específicas no tempo e no espaço dependem do sistema temporal medial para persistir.

Os primeiros relatos sugerindo envolvimento do lobo temporal medial na memória datam do fim do século XIX, mas o assunto ficou esquecido por décadas, sendo retomado apenas nos anos 50 por Penfield. Antes de H.M. ele já sugeria, com base na observação de outros pacientes amnésicos, que o hipocampo teria uma participação fundamental na formação de lembranças. Mas, por essa época, havia também outras hipóteses para a função da estrutura cuja anatomia lembra um cavalo-marinho (em grego, hippos kampos). A principal era a de que ela estava associada ao olfato, porque aí desembocavam fibras vindas diretamente do bulbo olfatório, o que mais tarde se revelou um equívoco neuroanatômico.

A lesão de H.M. não se restringia ao hipocampo, mas o fato de ser bilateral, diferentemente da maioria dos pacientes estudados antes e depois dele, o tornou um excelente modelo experimental e detonou uma avalanche de pesquisas com modelos animais. Embora não trabalhe sozinho, o hipocampo hoje é considerado a estrutura chave dos mecanismos que, ao fim e ao cabo, definem nossa identidade. Espécie de “gravador” que converte memórias de curto prazo em memórias de longo prazo, suas facetas moleculares são cada vez mais conhecidas, a ponto de já começar a ser possível “apagar” lembranças em animais de experimentação. Como disse o neurocientista Eric Kandel, Prêmio Nobel de Medicina em 2000, ao jornal The New York Times, o caso de H.M. e o trabalho de Brenda “permanecem como um dos maiores marcos da história da neurociência moderna, proporcionando a base do conhecimento para tudo o que veio depois: o estudo da memória humana e seus distúrbios”.

PARA NÃO ESQUECER

Nada disso teria sido possível se Molaison não fosse um homem doce, bem-humorado e estivesse sempre disposto a participar dos testes – durante 50 anos ele se apresentou a Brenda e a outros colaboradores como se fosse o primeiríssimo encontro. “O que ele aprendeu sobre mim ajudou outras pessoas e eu fico contente com isso”, disse uma vez, perguntado sobre o que pensava sobre o cirurgião que o operou em Hartford.

Henry Gustav Molaison morreu em 2 de dezembro de 2008, aos 82 anos, numa instituição geriátrica onde passou os últimos anos de vida, comprometidos pela artrite. Sua história, da qual ele próprio nunca teve noção, está sendo escrita pela pesquisadora Suzanne Corkin, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussetts), que foi aluna de Brenda Milner (hoje com 91 anos) e assumiu os estudos sobre H.M. nos anos 90. Depois da morte, o cérebro dele foi escaneado por ressonância magnética e preservado para novas pesquisas. É bem provável que gere mais conhecimentos que o de Albert Einstein, o último que despertou tanto interesse, mas acabou frustrando as expectativas de quem esperava ver revelada a anatomia da genialidade.

Talvez em poucos anos possamos encontrar H.M. na tela do cinema, pois os direitos autorais do futuro livro de Corkin já foram comprados pela Columbia Pictures. Quando isso acontecer, sua história e seu legado, já reconhecidos no meio científico, poderão ficar eternizados também na memória do grande público.

1926 – NASCE EM 26 DE FEVEREIRO EM HARTFORD, CONNECTICUT.

1933 – É ATROPELADO POR UMA BICICLETA. NA QUEDA, BATE FORTEMENTE A CABEÇA CONTRA O CHÃO, MAS SE RECUPERA SEM APARENTES CONSEQUÊNCIAS.

1936 – SURGEM AS PRIMEIRAS CONVULSÕES LEVES, QUE SE INTENSIFICAM EM GRAVIDADE E FREQUÊNCIA NOS ANOS SEGUINTES.

1953 – SOFRENDO DE CONVULSÕES VIOLENTAS E DIÁRIAS, É OPERADO PELO NEUROCIRURGIÃO WILLIAM SCOVILLE, EM HARTFORD. NO MESMO ANO, BRENDA MILNER DÁ INÍCIO AO ESTUDO QUE REVOLUCIONOU AS PESQUISAS SOBRE MEMÓRIA.

1997 – É REALIZADA A PRIMEIRA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DO SEU CÉREBRO, QUE MOSTRA A REAL EXTENSÃO DA LESÃO CAUSADA PELA CIRURGIA, MENOR QUE A DESCRITA ORIGINALMENTE.

2008 – MORRE EM 2 DE DEZEMBRO EM HARTFORD, AOS 82 ANOS.