terça-feira, 5 de julho de 2011

Alexandre Barros e a moto do Jacaré nº 4

Sou fã do Alexandre Barros. Em 2010, mais precisamente no final de novembro, quando ele organizou um evento de Supermotos na Bahia, tive a oportunidade de conhecê-lo e levei umas camisas personalizadas com uma frase e um desenho para ele. A moto do desenho original tinha o número 1. Personalizei com o número 4, que ele utilizou por umas 5 temporadas no MotoGP, e fiz as camisas que levei para presenteá-lo, das quais tenho uma autografada como prêmio.

Agora, juro que não fazia idéia de que, um dia, o desenho bem dizer se materializaria. Não é que a moto do Jacaré caíu como uma luva para isso acontecer? :D

Olhem isso:


 
 

ACELERAX BARROS!! :D

Falows! []'s

JC

domingo, 27 de março de 2011

Como a Internet está mudando a amizade

http://super.abril.com.br/cotidiano/como-internet-esta-mudando-amizade-619645.shtml

 

Nunca foi tão fácil manter contato e conhecer gente nova pela internet. Graças às redes sociais, nunca tivemos tantos amigos. Mas isso está transformando a própria definição de amizade.

por Camilla Costa
Qual é a primeira coisa que você faz quando entra na internet? Checa seu e-mail, dá uma olhadinha no Twitter, confere as atualizações dos seus contatos no Orkut ou no Facebook? Há diversos estudos comprovando que interagir com outras pessoas, principalmente com amigos, é o que mais fazemos na internet. Só o Facebook já tem mais de 500 milhões de usuários, que juntos passam 700 bilhões de minutos por mês conectados ao site - que chegou a superar o Google em número de acessos diários. A internet é a ferramenta mais poderosa já inventada no que diz respeito à amizade. E está transformando nossas relações: tornou muito mais fácil manter contato com os amigos e conhecer gente nova. Mas será que as amizades online não fazem com que as pessoas acabem se isolando e tenham menos amigos offline, "de verdade"? Essa tese, geralmente citada nos debates sobre o assunto, foi criada em 1995 pelo sociólogo americano Robert Putnam. E provavelmente está errada. Uma pesquisa feita pela Universidade de Toronto constatou que a internet faz você ter mais amigos - dentro e fora da rede. Durante a década passada, período de surgimento e ascensão dos sites de rede social, o número médio de amizades das pessoas cresceu. E os chamados heavy users, que passam mais tempo na internet, foram os que ganharam mais amigos no mundo real - 38% mais. Já quem não usava a internet ampliou suas amizades em apenas 4,6%.

Então as pessoas começam a se adicionar no Facebook e no final todo mundo vira amigo? Não é bem assim. A internet raramente cria amizades do zero - na maior parte dos casos, ela funciona como potencializadora de relações que já haviam se insinuado na vida real. Um estudo feito pela Universidade de Michigan constatou que o 20 maior uso do Facebook, depois de interagir com amigos, é olhar os perfis de pessoas de gente que acabamos de conhecer. Se você gostar do perfil, adiciona aquela pessoa, e está formado um vínculo. As redes sociais têm o poder de transformar os chamados elos latentes (pessoas que frequentam o mesmo ambiente social que você, mas não são suas amigas) em elos fracos - uma forma superficial de amizade. Pois é. Por mais que existam exceções a qualquer regra, todos os estudos apontam que amizades geradas com a ajuda da internet são mais fracas, sim, do que aquelas que nascem e crescem fora dela.

Isso não é inteiramente ruim. Os seus amigos do peito geralmente são parecidos com você: pertencem ao mesmo mundo e gostam das mesmas coisas. Os elos fracos não. Eles transitam por grupos diferentes do seu, e por isso podem lhe apresentar coisas e pessoas novas e ampliar seus horizontes - gerando uma renovação de ideias que faz bem a todos os relacionamentos, inclusive às amizades antigas. Os sites sociais como Orkut e Facebook tornam mais fácil fazer, manter e gerenciar amigos. Mas também influem no desenvolvimento das relações - pois as possibilidades de interagir com outras pessoas são limitadas pelas ferramentas que os sites oferecem. "Você entra nas redes sociais e faz o que elas querem que você faça: escrever uma mensagem, mandar um link, cutucar", diz o físico e especialista em redes Augusto de Franco, que já escreveu mais de 20 livros sobre o tema. O problema, por assim dizer, é que a maioria das redes na internet é simétrica: se você quiser ter acesso às informações de uma pessoa ou mesmo falar reservadamente com ela, é obrigado a pedir a amizade dela, que tem de aceitar. Como é meio grosseiro dizer "não" a alguém que você conhece, mesmo que só de vista, todo mundo acabava adicionando todo mundo. E isso vai levando à banalização do conceito de amizade. "As pessoas a quem você está conectado não são necessariamente suas amigas de verdade", diz o sociólogo Nicholas Christakis, da Universidade Harvard. É verdade. Mas, com a chegada de sites como o Twitter, a coisa ficou diferente.

Amizade assimétrica


No Twitter, eu posso te seguir sem que você tenha de autorizar isso, ou me seguir de volta. É uma rede social completamente assimétrica. E isso faz com que as redes de "seguidores" e "seguidos" de alguém possam se comunicar de maneira muito mais fluida. Ao estudar, com um time de pesquisadores, a sua própria rede no Twitter, Christakis percebeu que seu grupo de amigos tinha começado a se comunicar entre si independentemente da mediação dele. Pessoas cujo único ponto em comum era o próprio Christakis acabaram ficando amigas entre si. "As redes sociais estão ficando maiores e mais diversificadas", diz o sociólogo e pesquisador de redes Barry Wellman, da Universidade de Toronto.

É o seguinte. Eu posso me interessar pelo que você tem a dizer e começar a te seguir. Nós não nos conhecemos. Mas você saberá quando eu o retuitar ou mencionar seu nome no site, e poderá falar comigo. Meus seguidores também podem se interessar pelos seus tuítes e começar a seguir você. Os seus seguidores podem ter curiosidade sobre mim e entrar na conversa que estamos tendo. Em suma: nós continuaremos não nos conhecendo, mas as pessoas que estão à nossa volta estabelecem vários níveis de interação - e podem até mesmo virar amigas entre si.

Mas boa parte dos cientistas ainda acha que, mesmo estando em contato com qualquer pessoa mais facilmente e a todo o momento, a distância conti-nuará prejudicando as amizades. "A internet faz com que você consiga desacelerar o processo, mas não salva as relações", acredita o antropólogo Robin Dunbar. "No fim das contas, ainda precisamos estar próximos das pessoas de vez em quando." É verdade. A maioria dos especialistas em relacionamento humano
acredita que a proximidade física é essencial para sentirmos os efeitos benéficos das amizades profundas. Só que o cérebro pode estar começando a mudar de opinião.

Um estudo que está sendo realizado na Universidade da Califórnia começou a desvendar o efeito que as redes sociais produzem no organismo. Mais precisamente, o que acontece com os níveis de ocitocina quando usamos o Twitter, por exemplo. É há um efeito. Os primeiros resultados mostraram que tuitar estimula a liberação desse hormônio, e consequentemente diminui os níveis de hormônios como cortisol e ACTH, associados ao estresse.

Isso significa que o cérebro pode ter desenvolvido uma nova maneira de interpretar as conversas no Twitter. "O cérebro entende a conexão eletrônica como se fosse um contato presencial", diz Paul Zak. Isso seria uma adaptação evolutiva ao uso da internet. "O sistema de ocitocina está sempre se ajustando ao ambiente em você está", diz. "Pode ser que, de tanto interagir em redes sociais, as pessoas estejam se tornando mais sintonizadas para a amizade. E aí elas acabam fazendo mais amigos, inclusive presencialmente." Ou seja: além de mudar as amizades, a internet também pode acabar modificando o próprio cérebro humano. Mas ainda é cedo para dizer se acabaremos nos tornando seres hiperssociais, com cérebros capazes de acomodar um número maior de amigos. O próprio Paul Zak diz que não é possível desconsiderar a importância do contato físico - um dos mais importantes estimulantes da liberação de ocitocina no organismo. "No máximo, vamos ter mais possibilidades de manter relações íntimas a distância por mais tempo", diz. Outros, como Robin Dunbar, acham que a tecnologia ainda pode nos surpreender, e romper a última barreira da amizade online: "O Skype e outros serviços do tipo não são bons o suficiente, porque não nos permitem tocar um no outro em realidade virtual. Ainda."

AMIZADE POS-MODERNA
A internet e as redes sociais se baseiam em dois tipos de relação:

Amizade simétrica
É recíproca: se eu quiser ter você como amigo e acessar o seu perfil, você precisa autorizar o pedido e se tornar meu amigo também.
Pró: Privacidade. Você decide quem terá acesso às suas informações.
Contra: Reduz a possibilidade de conhecer gente nova.
Exemplos: Facebook / Orkut / Flickr / Linkedin / MSN / Last.fm

Amizade assimétrica

Não é recíproca: eu posso adicionar ou seguir você sem precisar pedir permissão (e posso inclusive fazer isso sem que você saiba).
Pró: Torna muito mais fácil a formação de laços e comunidades.
Contra: Mais difícil de virar amizade íntima, pois a interação é pública.
Exemplos: Twitter / Buzz / Tumblr / Blip.fm

terça-feira, 22 de março de 2011

Misturar álcool com energético é um perigo para o coração, alertam cardiologistas



Por Carla Prates
Especial para o UOL Ciência e Saúde
 
O relato de pais e médicos e pesquisas sobretudo americanas chamam a atenção para um hábito comum no Carnaval, mas arriscado: tomar bebida alcoólica com energético. Segundo o cardiologista Luciano Vacanti, a mistura potencializa o risco de arritmias, pois as duas substâncias “irritam” o músculo do coração (o miocárdio). Ele afirma, ainda, que há casos descritos nos Estados Unidos de adolescentes que, após ingerirem energéticos, desenvolveram taquicardias que precisaram ser revertidas nos hospitais.


O médico Anthony Wong, chefe do Ceatox (Centro de Assistência Toxicológica) do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas (SP), relata que este é um hábito que está virando uma epidemia mundial. “Pior que quanto mais jovem é a pessoa menos controle ela tem sobre as bebidas alcoólicas. É necessário tomar uma atitude de controle por parte das autoridades com o crescente abuso dessa associação”, opina.

Há vários motivos apontados pelos consumidores para se misturar as bebidas. Entre eles, disfarçar o gosto do álcool (principalmente no caso de destilados), além de esticar a balada. Por ser estimulante, o energético carrega o mito de anular os efeitos depressivos do álcool, o que é verdade em parte porque a bebida reduz a sensação de sonolência, mas os reflexos continuam mais lentos sob o efeito do álcool.

Percepção alterada

Pesquisas vêm comprovando que o consumo de álcool com energéticos pode estimular o alcoolismo, dar mais disposição para beber (a pessoa fica mais tempo em uma balada ou bar bebendo, por exemplo) e tornar o indivíduo mais suscetível aos problemas relativos ao consumo de álcool (machucam-se mais ou sofrem mais acidentes, necessitam de ajuda médica ou enfrentam problemas sexuais).

Alexandre Clemente Chame, de 36 anos, percebeu alguns desses sintomas após abusar na dose de energéticos em uma casa noturna. “Não costumo beber destilado, mas como meus amigos tinham comprado uma garrafa, resolvi tomar a bebida com energético para acompanhar. Percebi principalmente que fiquei até mais tarde na balada, costumo ir embora mais cedo, e acabei esticando até umas cinco da manhã. Daí bebi bem mais que de costume. No dia seguinte, a ressaca foi pior. Na hora até pensei: ‘esse negócio’ ajuda a não bater o carro na volta porque eu parecia estar mais desperto, mas depois percebi que poderia ter sido até pior, pois eu achava que estava normal para dirigir”.

Um dos maiores riscos dessa combinação é realmente o de mascarar os sintomas. De acordo com a psicoterapeuta Ilana Pinsky, professora do Departamento de Psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), não sentir os efeitos do álcool pode parecer bom, mas não é. É uma maneira de tapear o que o corpo está sentindo. “A pessoa não fica tão bem quanto pode pensar, pode dirigir de maneira arriscada, e os órgãos do corpo são afetados da mesma maneira, ela sentindo ou não”.

Advertências

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, a venda de energéticos é autorizada no Brasil desde 1998, após a avaliação da agência sobre a segurança dos produtos. “Não existe nenhuma proibição quanto a comercialização dessas bebidas por parte da Comunidade Europeia e as mesmas estão dispensadas de registro na Anvisa”.

O que diz o fabricante

O fabricante de um dos energéticos mais populares do mercado, o Red Bull, diz que, “em relação ao uso associado ao álcool, não há nenhum indício de que o Red Bull® Energy Drink tenha qualquer efeito (positivo ou negativo) associado ao seu consumo. Isto foi confirmado pela Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA, na sigla em inglês), em comunicado de 2009, que concluiu não haver interação entre a taurina, a glucoronolactona, a cafeína e o álcool, mesmo durante atividade física”.

A empresa também alega que um consumo moderado de cafeína (menos de 400 mg por dia, o que equivalente a 5 latinhas do energético) não afeta negativamente a saúde cardiovascular. E completa: “o Red Bull® Energy Drink é vendido em mais de 160 países porque autoridades de saúde do mundo todo concluíram que o mesmo é de consumo seguro”.

No entanto, há requisitos específicos de composição: taurina: máximo 400 mg/100 ml; cafeína: máximo 35 mg/100 ml; álcool etílico: máximo 0,5 ml/100 ml; inositol: máximo 20 mg/100 ml; clucoronolactona: máximo 250 mg/100 ml.

Além disso, as embalagens devem conter obrigatoriamente as seguintes advertências, em destaque e em negrito: "Crianças, gestantes, nutrizes, idosos e portadores de enfermidades: consultar o médico antes de consumir o produto" e "Não é recomendado o consumo com bebida alcoólica".

Segundo a Anvisa, os primeiros alertas se devem ao fato de o produto ter uma “elevada quantidade de cafeína em sua formulação”. Já a restrição à associação com álcool é feita, pois “pode potencializar os efeitos da bebida alcoólica e fazer com que o usuário tenha um julgamento errado sobre seu estado de embriaguez (tem a percepção de que não está bêbado, mas os efeitos deletérios do consumo de álcool sobre a coordenação motora continuam)”.


Mais vulneráveis

O cardiologista e médico do esporte Nabil Ghorayeb fecha a questão dizendo que o problema está no uso indiscriminado dos energéticos sem que se saiba dos riscos. “As pessoas não costumam ler os rótulos e, se não tivesse qualquer tipo de perigo, não teriam advertências nas embalagens dos produtos. O risco maior está na dose, principalmente para quem tem sensibilidade à cafeína ou predisposição às arritmias ou faz parte do grupo citado nas embalagens (crianças, idosos, nutrizes, grávidas, com problemas de saúde)”.

Ghorayeb alerta para as pessoas ficarem atentas a sinais de maior sensibilidade, como palidez, aceleração do coração, aumento da pressão, etc.. “A intoxicação por cafeína é manifestada pela presença de ansiedade, insônia, desconforto no estômago, tremores, taquicardia, agitação e até raros casos de morte foram descritos na Austrália, Irlanda e Suécia”, acrescenta Vacanti.


"Enganar" o sono

Para os pais, Ilana Pinsky recomenda que a informação é a maior arma contra o problema. “É essencial conhecer o que é energético, suas propriedades, o que é considerado um excesso de consumo. E conversar com os filhos sobre isso, informar-se primeiro para depois informar o filho”, aconselha a psicoterapeuta.

Ilana completa explicando que faz parte da característica da nossa sociedade tentar burlar o que estamos sentindo e se faz isso de uma maneira excessiva, o tempo todo, e não só na questão do álcool. Talvez esta também possa ser a explicação para o consumo crescente de energéticos, uma busca por “enganar” o sono, a timidez (no caso da associação com o álcool) e o corpo, prolongando a sensação de diversão na balada ou a malhação na academia.

Mas é preciso lembrar que o preço pode ser caro demais. Recentemente, pediatras americanos anunciaram que, nos últimos anos, já foram registrados mais de 2,5 mil casos de internações e atendimentos por intoxicação por cafeína em menores de 19 anos. E já que essa associação é prática comum e permitida, por enquanto não há outro jeito: quem deve ficar alerta e moderar na dose é o consumidor!

sábado, 8 de janeiro de 2011

Mercado do tempo

Tempo não é dinheiro: bem ou mal investido, ele sempre vai acabar. Aprenda a lidar com este bem perecível, intransferível e precioso. Para controlá-lo, é preciso entendê-lo

por Emiliano Urbim





 
Natal já tá aí. O ano passou voando. É a vida, cada vez mais corrida. Vinte e quatro horas é pouco - precisava um dia maior para pôr tudo em dia.

Contra esses lugares-comuns, boa parte dos manuais prescreve doses regulares de priorização, planejamento, multitasking, lembretes, listas e agendas, analógicas e digitais. Mas a ciência tem uma receita diferente: você não vai aprender a controlar seu tempo encarando um calendário. Antes, é necessário olhar para outros lugares.

Sua compra do mercado, por exemplo: é para resolver uma refeição ou o resto da semana? Tem aqueles orgânicos que você prometeu consumir? Aliás, você trouxe uma lista? É no dia a dia que se revela nossa habilidade de cumprir planos.

Não é algo que você nasce sabendo. A forma como você gasta e às vezes ganha tempo é influenciada por fatores culturais, geográficos e econômicos. Tudo isso resulta na sua orientação temporal, uma fórmula pessoal de encarar passado, presente e futuro. Mas uma coisa vale para todos nós: o tempo passa. Melhor aprender a lidar com ele e acompanhar seu ritmo, antes que ele acabe ultrapassando você.

Natural x artificial

Um segundo não é a 60ª parte de 1 minuto. Desde 1967 ele foi redefinido pelo Sistema Internacional de Unidades como "a duração de 9 192 631 770 ciclos de radiação de uma transição eletrônica no átomo de césio-133". Em 1997, um adendo: "a -273,15 °C". Usar um átomo para medir o tempo sugere que segundos, minutos e horas estavam aí, esperando ser descobertos. Mas o tempo do relógio é tão artificial quanto recente - ainda estamos nos adaptando a ele.

Basicamente, sua mente é uma máquina de 150 mil anos que se desdobrou para acompanhar os últimos 150. Ela é do tempo dos índios pirarrãs, exemplo de pré-história em pleno século 21. Os pirarrãs, que vivem no Amazonas, não têm palavras para descrever passado e futuro, só o que aconteceu hoje. A refeição, a dança e o sono começam quando a natureza pedir. É assim que viviam os primeiros grupos humanos.

Enquanto nossos antepassados só se ocupavam de sobreviver, não havia muito estímulo para planos e memórias. Mas o domínio do ambiente permitiu que se chegasse aos sofisticados conceitos de "ontem" e "amanhã". Os primeiros astrônomos aprenderam a medir as fases da Lua e a passagem dos anos. Relógios de sol mediam as divisões do dia, e relógios de água, ancestrais daqueles de shopping, a passagem da noite. Outras coisas que fluíam ou se consumiam, como areia, velas e incensos, também eram usados, mas "amanhecer", "sol a pino" e "anoitecer" ainda eram horários mais confiáveis.

Só na Idade Média surgiram os primeiros relógios mecânicos. Mas não tinham ponteiros nem números: mais do que mostrar, eles "soavam" o tempo, tocando um sino na hora de rezar. Em 1656, um matemático holandês criou o primeiro relógio de pêndulo, que na virada do século, com o avanço tecnológico, já marcava até minutos com precisão. Agora era possível provar que alguém estava atrasado 15 minutos - ao menos dentro nos limites municipais.

Sim, cada cidade tinha seu horário, calibrado pelo meio-dia local. Foi o trem, um meio de transporte com hora para sair e chegar, que forçou a padronização. Levou um tempo, claro. Alguns relógios ingleses de meados do século 19 possuíam dois ponteiros de minutos: o do "horário local" e o "da ferrovia" - na verdade, o do meridiano de Greenwich, que se tornaria a hora oficial em 1880, abrindo caminho para a adoção dos fusos horários.

Logo o "horário da ferrovia" era a hora certa. Para que o mundo todo se movesse como uma locomotiva, escola, trabalho, lazer e descanso ganharam hora para acontecer. Como reparou o historiador Helmut Kahlert, o relógio, antes tão útil quanto um chafariz, foi se aproximando dos seres humanos: da torre da igreja para a sala da casa, passando pelo bolso até chegar ao pulso - mesmo no celular, ele continua bem próximo.

Em menos de um século, a Revolução Industrial transformou em planilha um mundo que ainda tinha muito de pirarrã. Não é à toa que nosso cérebro às vezes tem dificuldade de acompanhar o ritmo. Mas esse processo não chegou de maneira uniforme a todas as sociedades modernas - inclusive a uma sociedadeque você conhece bem.



Rápido x devagar

Ao chegar ao Brasil, em 1976, as primeiras palavras que o americano Robert Levine aprendeu não foram clássicos como "samba" ou "caipirinha", mas "calma" e "amanhã". Na Universidade Federal de Niterói, nenhum de seus alunos de psicologia social parecia se importar com horários e datas. Com o tempo, ele se rendeu aos atrasados, até porque o exemplo vinha de cima: entre seus colegas, não havia compromisso capaz de abreviar um bom almoço. Após um ano de "desorientação, frustração, fascínio e obsessão" com o país em que ônibus paravam para o motorista passar na padaria, Levine decidiu que ia estudar os diferentes passos do mundo.

Em uma de suas pesquisas, o professor mediu os mesmos 3 índices em dezenas de países: velocidade de pedestres, duração de atendimento em bancos e a hora certa dos relógios. Para supresa de ninguém, o 1º lugar ficou com a Suíça, seguida de Alemanha e Japão. Já o Brasil só escapou da lanterna graças à Indonésia e ao México. "Não se trata simplesmente de povos lerdos e povos apressados", esclarece Levine. A raiz da diferença é que, enquanto algumas sociedades já estão totalmente no "tempo do relógio" trazido pela Revolução Industrial, outras ainda curtem resquícios do "tempo do evento".

No tempo do relógio, é ele quem comanda o início e o fim das atividades. No tempo do evento, as atividades começam e terminam quando, por consenso, os envolvidos consideram que é a hora certa. Isso é muito claro em partes da África onde vale o "tempo africano" - basicamente, uma falta absoluta de senso de urgência. Não que todo mundo leve na boa: em 2007, a Costa do Marfim chegou a fazer uma campanha chamada "O Tempo Africano Está Matando a África - Vamos Lutar contra Ele".

Comparando cidades, Levine concluiu que a rapidez parece ser fruto do capitalismo: quanto maior a economia local, sua diversificação, a densidade populacional e a cultura individualista, mais rápido é o ritmo da vida. E uma cidade acelerada atrai gente acelerada e expulsa os lerdos, criando um ciclo de aumento da velocidade nas metrópoles. No Brasil, por exemplo, já é comum que paulistanos considerem o ritmo de outras regiões (especialmente os serviços) muito lentos.

Claro que isso traz problemas: regiões apressadas apresentam um índice maior de obesidade, estresse e doenças do coração. Por outro lado, o psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi descobriu que os mais deprimidos são justamente aqueles que não têm pressão temporal nenhuma. Pelas pesquisas do professor Levine, as pessoas que andam mais rápido se dizem mais satisfeitas com a vida de uma maneira geral e ganham mais dinheiro.

Vale lembrar que aquele levantamento em que o Brasil ficou em antepenúltimo foi feito no início dos anos 90. "Soube que houve muito progresso econômico nos últimos 20 anos. Portanto, se minhas teorias estão certas, o ritmo de vida acelerou e vocês já devem ter subido algumas posições", afirma Levine.

Mesmo que apressemos o passo, vamos continuar sofrendo de um mal que aflige de banqueiros suíços a tribos africanas: todo mundo deixa pra depois. Quando se trata de gerenciar o próprio tempo, lerdos e apressados sofrem com a procrastinação.


Agora x depois

Procrastinar é não fazer aquilo que você deveria estar fazendo - mas sem curtir essa folga. Procrastinar é diferente de matar aula para ir ao cinema: ainda que envolva evitar tarefas não prazerosas, não dá prazer. Ao contrário, é uma atividade angustiante. É esse contorcionismo mental que chama a atenção dos especialistas: você precisa muito fazer isto, mas alguma coisa dentro de você acaba desviando a sua atenção para qualquer outra coisa. A internet, claro, deixou tudo mais complicado.

Um editorial do American Journal of Psychiatry comparou: "Decepcionar-se por não conseguir realizar uma tarefa longa conectado é como fornecer doses de ópio para operários no meio do expediente e se surpreender quando isso se torna um problema".

Para David Meyer, neurologista da Universidade de Michigan, é um problema de saúde: se os viciados em internet pudessem ver sua mente, teriam surpresas desagradáveis, como fumantes que veem seus pulmões. Para o economista Herbert Simon, trata-se de um problema de alocação de recursos. Informação consome nossa atenção. Logo uma riqueza de informação causa escassez de atenção. Cabe a nós resistir ao instinto de ficar atento à distração.

Outro impulso a ser combatido é a gratificação imediata. Há um experimento clássico em que uma pessoa é solicitada a escolher se quer R$ 100 agora ou R$ 110 amanhã; a maioria quer R$ 100 agora. Em outro momento, a oferta é R$ 100 daqui a 30 dias ou R$ 110 daqui a 31 dias; aí, a maioria espera. Na essência, as duas ofertas são idênticas - você espera um dia a mais e ganha R$ 10 pela paciência. Na prática, fazemos escolhas melhores quando pensamos no futuro, mas não quando o dilema está na nossa cara. É por isso que a lista de filmes que você quer ver antes de morrer é repleta de clássicos, mas você sempre acaba assistindo à reprise de Se Beber, Não Case ou Mamma Mia. Da mesma forma, você planeja uma tarde de trabalho e, quando vê, a tela do computador tem trocentas abas abertas e nelas há de tudo, menos trabalho.

Contra esse tipo de atraso, psicólogos, filósofos e até economistas paternalistas têm se rendido ao que eles chamam de "vontade estendida" - ferramentas externas que ajudam a nossa parte que quer trabalhar. Um estudo do M.I.T. mostra que esse controle não precisa vir necessariamente de cima para baixo. Confrontados com as opções de entregar todos os trabalhos no fim do semestre ou acertar datas de entrega diferentes, a maioria preferiu a segunda alternativa. Moral da história: em vez de se expor à vagabundagem involuntária, eles preferiram um controle externo para fazer o que racionalmente queriam - estudar.

Outro exemplo de vontade estendida são os programas de computador que protegem você da sua própria procrastinação. Com nomes sugestivos como Freedom ("Liberdade") e Isolator ("Isolador"), eles podem bloquear o Facebook ou mesmo cortar todo o acesso à internet por horas. Para roubar no limite autoimposto, é preciso desligar o computador - uma barreira que, dizem, garante o foco da maioria. A máquina baleada é mais útil do que 100% operacional.

Ou seja, é preciso observar seus hábitos e admitir seus desejos e falhas para conseguir fazer o que quer na hora em que quer. Sem esse exame, listas e agendas são tão úteis quanto figas e trevos-de-quatro-folhas. Mas, antes de encerrar o assunto, é bom ficar atento para o fato de que atrasar as coisas pode não ser culpa sua, mas das coisas. Vale parar pra pensar se você está procrastinando porque, lá no fundo, não vê sentido naquela tarefa. Se for o caso, é melhor deixar pra depois mesmo. Antes, você precisa conhecer um negócio que se chama "perspectiva temporal".


Curtir x planejar

Quando você relembra o passado, é com nostalgia ou remorso? Quando encara o presente, é com prazer ou desgosto? E o futuro, traz medo ou esperança? A maneira como você responde essas perguntas se reflete nos seus pensamentos, sentimentos e comportamentos - ou seja, em tudo que você faz.

Essa atitude que cada um tem em relação ao tempo é chamada de perspectiva temporal. Quem criou o conceito foi Philip Zimbardo, papa da ciência do comportamento desde que, em 1971, sacudiu Stanford com um experimento em que alunos comuns passaram a se comportar como guardas e prisioneiros. Para Zimbardo, apesar de geralmente inconsciente, a perspectiva temporal é de suma importância: "Por meio dela, nossas experiências são agrupadas em categorias que dão ordem, coerência e significado a nossa vida".

Através da aplicação de um teste padronizado ao longo de 20 anos, foi possível ver que nossa perspectiva se divide em 5 orientações: passado negativo, passado positivo, presente fatalista, presente hedonista e a futurista. (Você pode descobrir a sua fazendo o teste no site da SUPER - super.abril.com.br/testes.)

Simplificando bastante, se todos comparecessem a uma reunião de formatura, o passado positivo estaria morrendo de saudade de todos e o passado negativo só citaria memórias ruins da faculdade. O presente hedonista iria beber, comer e dançar bastante, enquanto o fatalista talvez nem viesse. Já o futurista, que se cuida, iria parecer menos velho que os outros e já começar a planejar a reunião seguinte. Claro que ninguém é unidimensional como esses personagens. A sua perspectiva é uma mistura de todas, mas sempre tem uma que predomina sobre as outras, como as características atribuídas a um signo do horóscopo.

O seu passado, por exemplo, é uma questão de atitude: valorizar memórias boas evita que você viva lamentando ou reconhecendo erros. Até porque você pode hackear suas memórias. Em um experimento, a psicóloga Elizabeth Loftus, da Universidade da Califórnia, mostrou seguidas vezes um vídeo de carros batendo para dois grupos. O primeiro, ao ser perguntando como fora a "batidinha", não viu nada de mais. O segundo, inquirido sobre o "acidente", relatou sangue, vidro quebrado, destroços - e nada disso estava no vídeo. Esse é um exemplo de como a memória muda com informações do presente. Com certeza, lembranças arquivadas como "acidentes" podem ser vistas como "batidinhas".

As perspectivas do presente e do futuro são as mais comuns, e as que mais entram em conflito. Situações citadas ao longo do texto, como apego ao tempo natural, ritmo lento de vida e procrastinação, podem todas ser debitadas na conta do presente. No outro extremo, pontualidade, ritmo acelerado e apego ao planejamento são características da orientação para o futuro. Qual das duas você acha que todos querem ter?


Velozes e ciosos

Não dá para negar: o mundo é de quem anda mais rápido e pensa mais longe. Estudar, poupar e planejar são todos pré-requisitos para a entrada na classe média. Com o progresso econômico pessoal e coletivo, o mundo se acelera. A não ser que você seja um pirarrã ou ligado a uma instituição parecida com a que Robert Levine encontrou em Niterói, não adianta tentar voltar o relógio. Fantasias urbanas à parte, seus estudos mostram que a vida lenta é o caminho mais curto para o tédio e a depressão. O jeito é relaxar e abraçar a velocidade. (Se quiser começar agora, o quadro à esquerda tem várias dicas.)

Para começar, não é impossível se concentrar em um mundo online. Como lembra Winifred Gallagher, autora de Rapt ("Focado", sem versão em português), a tecnologia é neutra. "Se você para tudo que está fazendo cada vez que recebe uma mensagem, a culpa não é da máquina, é sua."

Ao mesmo tempo, distração não é um mal em si. Nenhuma atividade criativa vai fazer juz ao nome sem um passeio mental, que permite associações inusitadas. Foco e distração são a sístole e a diástole da mesma consciência. Para quem teme que as crianças de hoje, nativas digitais, nunca aprendam a focar em uma tarefa por tempo suficiente, neurocientistas apostam que elas vão é se concentrar em tarefas simultâneas.

Mas, se o futuro é a orientação ideal, não deve ser a única. É preciso valorizar as tradições, que nos fizeram quem somos. Também cabe um hedonismo: ao lado do acelerador está o freio, pra que o dia tenha duas dúzias de horas e o ano não passe em branco. Falar nisso, o Natal já tá aí - como vai ser o seu?





Foco no passado

Enxergando ontem com olhos de hoje

Muito do que você faz tem a ver com o que já fez. Quando essa tendência é acentuada, não há margem de manobra: você acaba repetindo os mesmos acertos e erros. Quem tem foco positivo no passado reúne parentes e gosta de montar álbuns de família; na variação negativa, fica remoendo o que poderia ter sido. Para o psicólogo social Philip Zimbardo, é uma perspectiva desejável, "mas não pode ser o centro da vida de ninguém, em nenhuma idade".

TEIMOSIA

Em vez de tentar algo novo, como trocar o coador de café por uma cafeteira, preferem manter os velhos hábitos.

NOSTALGIA

Buscam se cercar de símbolos do passado. Podem ser fotos antigas ou até produtos que consumiam na infância.

FIXAÇÃO

Evitam comidas novas, não se expõem a músicas ou filmes não familiares e têm dificuldade em cultivar novas amizades.

SEGURANÇA

Não são de correr riscos, optando pelas soluções que já conhecem. Mesmo que surjam produtos revolucionários, tendem a continuar usando os antigos.


Foco no presente

O que importa é o momento, a vida é pra ser vivida

O foco no presente é o mais comum - e ao qual é mais difícil resistir. Afinal, é nele que o ser humano viveu milhares de anos, quando tudo o que importava era chegar vivo ao fim do dia. O "presentista" é impulsivo e ansioso, sempre se divertindo ou buscando diversão. Na variação hedonista, é a alma da festa. Na fatalista, tende à depressão. Bem utilizada, é uma perspectiva ótima: por que deixar pra amanhã o que se pode curtir hoje?

SEDENTO

Impulsivos, têm mais possibilidade de se complicar com álcool e outras drogas.

SEDENTÁRIO

Pouco adeptos de exercícios, comem mal, sabotam dietas e vão pouco ao médico.

PERDULÁRIO

Gasta no que não deve e o que não tem, valorizando a satisfação do consumo imediato.

PERDIDO

Não é pontual, privilegiando a vida pessoal a compromissos.


Foco no futuro

Planejar, poupar e se conter são as prioridades

"Pode-se creditar o sucesso da civilização ocidental à orientação futura de muitas populações", diz Philip Zimbardo. É a perspectiva que todos querem (ou ao menos sabem que deveriam) ter. Passa a ser um problema quando o olho no amanhã impede que você aproveite o hoje. Correr é importante, mas saber desacelerar é mais importante ainda.

LOGÍSTICA

Compram antes ou estocam aquilo que sabem que vão precisar.

PRECAUÇÃO

Não costumam ter surpresas - e não gostam delas. Fazem tudo para que a coisa siga conforme o plano.

POUPANÇA

Bem-sucedidos profissionalmente, cuidam das finanças e costumam estar preparados para emergências.

CONTROLE

Pesam a gratificação imediata contra os custos futuros, o que se reflete em uma alimentação mais saudável, por exemplo.

PREVENÇÃO

Pensando no futuro, tendem a ter menos vícios, dirigir mais devagar e usar camisinha. Fazem exercícios e marcam exames preventivos.




Corro. Demais!

Dicas para acelerar sem perder o ritmo

Observe

Procure andar mais com quem foca o futuro. Veja como é o mundo deles. É preciso ter um exemplo próximo de alguém que cumpre metas, para acreditar que é possível.

Inverta

Reordene sua caixa de entrada de e-mails para que os mais antigos fiquem no alto da lista. Resolver o passado libera o futuro. Aliás, isso vale para muito mais coisas além de e-mail.

Distraia-se

Não precisa se punir quando estiver com a cabeça em outra coisa: vagabundagem mental é essencial para o processo criativo. Um minuto de distração pode inspirar horas de foco.

Cronometre

Subestimamos o tempo das tarefas, seja por ignorar a duração delas no passado, seja por não prever imprevistos. Descubra o tempo que as coisas duram para se planejar direito.

Evite

Aprenda a dizer "não" - saber o que não fazer é tão importante quanto saber o que fazer. Tempo é precioso: dê um pouco a si mesmo.

Pare

Agende blocos de tempo apenas para pensar nos seus dilemas - um momento sem TV, computador ou telefone, só com você. Se quiser, pode chamar de meditação.

Separe

Multitasking é mito: até computador derrapa pra fazer tarefas simultâneas. Se não for algo simples, como lavar louça e ouvir música, melhor fazer uma de cada vez.

Aliste-se

O ideal é fazer listas que você possa cumprir em um dia - uma semana já é muito tempo. Nunca coloque tarefas vagas: quanto mais específico, melhor.

Cuide-se

Exercício e dieta balanceada não aceleram só o metabolismo - eles aumentam seu foco e sua concentração, permitindo que você complete seu trabalho em menos tempo.


Fontes Do it Tomorrow and Other Secrets of Time Management, Mark Forster; Shed Your Stuff, Change Your Life, Julie Morgenstern; Getting Things Done, David Allen.

Para saber mais

The Thief of Time

Chrisoula Andreou e Mark D. White (org.), Oxford University Press, 2010.

Geography of Time

Philip Zimbardo e John Boyd, Free Press, 2009.

The Time Paradox

Robert Levine, Basic Books, 1998.