domingo, 21 de dezembro de 2008

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UOL Tecnologia

domingo, 9 de novembro de 2008

Estudo liga pouca chuva à queda de dinastias na China


Da BBC Brasil

O declínio de algumas das mais importantes dinastias imperiais da China antiga pode estar ligado a mudanças na intensidade das chuvas de monção, segundo estudo de cientistas americanos e chineses.

Os estudiosos estudaram 1,8 mil anos de sinais das monções asiáticas preservados em estalagmites da caverna de Wangxiang, na província de Gansu, noroeste da China.

Estalagmites são formadas por carbonato de cálcio, que se precipita a partir de águas subterrâneas que pingam do teto de cavernas.

Análises químicas de uma estalagmite de 118 milímetros de altura na caverna de Wangxiang mostraram a história de ciclos fortes e fracos nas chuvas de monção.

Segundo os pesquisadores, que publicaram a pesquisa na revista Science, períodos com chuvas de monção fracas - ou seja, períodos mais secos - coincidiram com o fim das dinastias Tang, Yuan e Ming.

Os cientistas da Universidade de Lanzhou e da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, especulam se um período de poucas chuvas levou a lavouras de arroz menos fartas, já que as chuvas de monção irrigam as lavouras que alimentam milhões de pessoas na Ásia, e a problemas como rebeliões.

A análise também mostrou que nos últimos 50 anos gases de efeito estufa e aerossóis tiveram forte impacto nas chuvas de monção.

Crescimento

A estalagmite analisada cresceu de forma contínua desde o ano 190 até 2003. Pequenas variações nas formas ou isótopos da composição de oxigênio da estalagmite refletiam as variações no índice pluviométrico perto da caverna.

As proporções de elementos radioativos como urânio e tório permitiram que os pesquisadores fizessem a datação da estalagmite.

Ao comparar o registro de chuvas com os registros históricos da China, a equipe do cientista Pingzhong Zhang, da Universidade Lanzhou, descobriu que três das cinco dinastias que duraram muitos séculos - Tang, Yuan e Ming - acabaram depois de várias décadas de chuvas de monção mais fracas no verão, ou seja, um clima mais seco.

"Ventos de monção durante o verão têm origem no Oceano Índico e varrem a China", afirmou Hai Cheng, um dos autores da pesquisa, da Universidade de Minnesota. "Quando a monção de verão é mais forte, empurra (os ventos) mais para o noroeste da China." Estes ventos úmidos trazem a chuva necessária para o cultivo do arroz. Mas, quando a monção é fraca, as chuvas caem mais ao sul e ao leste, diminuindo no norte e oeste do país e afetando a safra do arroz.

"Outros fatores podem, certamente, ter afetado estes capítulos da história cultural da China, mas nossas correlações têm um papel importante", escreveram os cientistas na revista Science.

Segundo os pesquisadores, as chuvas de monção mais fracas podem ter tido influência além da China. Os cientistas afirmam que um período de seca entre os anos de 850 e 940 coincidiu não apenas com o declínio da dinastia Tang, na China, mas também com a queda da civilização maia na América.

Influência humana

O aumento das chuvas de monção que ocorreu logo depois pode ter contribuído com o aumento rápido no cultivo do arroz, um aumento dramático na população e a estabilidade geral no início da dinastia Song, do norte da China.

Segundo os cientistas este arquivo natural mostra que a mudança climática pode ter efeitos devastadores em populações locais, mesmo quando esta mudança é suave.

Nos registros da caverna a monção seguiu tendências na atividade solar durante muitos séculos, sugerindo que o Sol teve um papel importante na variação deste sistema meteorológico.

Os registros das monções também combinam com o avanço e recuo das geleiras da Suíça.

Em uma escala mais limitada, as variações das monções também seguiram as temperaturas do hemisfério norte, em uma escala de séculos e milênios. Quando as temperaturas aumentavam, as monções ficavam mais fortes e, quando as temperaturas caíram, as monções enfraqueceram.

Mas, nos últimos 50 anos, esta relação mudou. Os cientistas afirmam que isto se deve à influência dos gases de efeito estufa e os aerossóis de sulfato liberados devido à atividade humana.

sábado, 8 de novembro de 2008

Estabilizar clima pode ser inviável, diz agência

da Folha de S.Paulo

A Agência Internacional de Energia tem uma má notícia para o planeta: na melhor das hipóteses, o aquecimento global neste século deverá ser de trágicos 3ºC em relação à era pré-industrial. A redução de emissões de gases-estufa necessária para evitar a mudança climática perigosa pode não ser tecnicamente viável.

O veredicto está no "Panorama Global de Energia 2008", documento que apresenta as tendências do cenário energético mundial. O período analisado vai de 2006 a 2030.

Segundo o relatório, a estabilização da concentração de gás carbônico (CO2) em 450 ppm (partes por milhão) na atmosfera --que produziria um aumento "seguro" da temperatura global de 2ºC-- dificilmente será obtida. O máximo a que o mundo pode aspirar, e a um custo alto, é a estabilização em 550 ppm, o que produziria um aquecimento de 3ºC.

"Mesmo sem considerar a viabilidade política, é incerto se a escala da transformação vislumbrada é tecnicamente alcançável", diz o relatório.

Segundo a AIE, o mundo pode ficar até 6ºC mais quente se o cenário atual de emissões for mantido. O primeiro passo para reverter essa tendência é alcançar um acordo global significativo de redução de emissões no ano que vem, na conferência do clima de Copenhague.

"As conseqüências para o clima da inação política são chocantes", continua a agência. As dificuldades para alcançar uma estabilização em 450 partes por milhão de CO2 são de diversas ordens. Primeiro, a demanda por energia deve crescer 45% entre 2006 e 2030. Os combustíveis fósseis, como o petróleo, continuarão respondendo por 80% da demanda.

Mesmo com o pico dos preços em 2008 e com a redução da taxa de crescimento do PIB global devido à crise financeira, as emissões projetadas neste ano pela agência para 2030 são apenas 1 bilhão de toneladas de CO2 mais baixas que o projetado em 2007. Elas devem crescer 45%, das atuais 28 bilhões de toneladas por ano para 41 bilhões de toneladas por ano.

Por fim, continua o relatório, há um problema estrutural do setor de energia, que é sua taxa lenta de substituição de capital. Uma tecnologia nova demora muitos anos para se espalhar pelo setor. Mesmo com o crescimento das energias renováveis, como eólica e solar --que devem se tornar a segunda fonte de geração de eletricidade no planeta em 2010--, três quartos da eletricidade em 2020 virá de usinas já existentes.

"Se todas as usinas construídas de hoje em diante fossem livres de carbono, as emissões de CO2 do setor de energia seriam apenas 25% menores em 2020 que em 2006", diz a AIE.

Folha on Line

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Carro voador começa a ser vendido em 2009

Terrafugia anuncia venda do Transition a partir do próximo ano

Ricardo Tadeu




Terrafugia

Depois de muitas tentativas frustradas de diversos engenheiros, o primeiro carro voador começará a ser vendido no próximo ano. Trata-se do Transition, da Terrafugia, empresa que está se dedicando muito para que seu invento chegue ao mercado a partir de 2009. O veículo conta com um motor convencional à gasolina.

Para voar, o carrinho incorpora duas asas dobráveis, que se fecham para andar na rua e se abrem para alçar vôos. No entanto, é preciso ter cuidado com quem está ao seu redor devido ao tamanho do equipamento: são 8 metros de extensão de uma ponta a outra. Na dianteira, o modelo ainda traz uma hélice removível.









Nas ruas, o modelo é capaz de acelerar até os 128 km/h, enquanto no ar essa média sobe para 185 km/h. O tanque é maior do que o de carro convencional, mas não teve sua capacidade divulgada pela Terrafugia, que afirma que o modelo é capaz de rodar até 740 km com apenas um tanque. Apesar de parecer bem atrativo, o modelo chega ao mercado europeu com um preço para poucos: cerca de R$ 360 mil.

Revista Auto Esporte

domingo, 28 de setembro de 2008

Chineses voltam do espaço como heróis após caminhada inédita

Emma Graham-Harrison Em Pequim







O astronauta Zhai Zhigang recebe ajuda assim que módulo da missão Shenzhou-7 chega com sucesso à Terra.








Três astronautas chineses aterrisaram de volta à Terra neste domingo, após uma viagem de 68 horas que incluiu o inédito passeio no espaço fora da nave. O feito mostra o avanço tecnológico do país e foi comemorado pelas autoridades como uma grande vitória.

A cápsula espacial pousou com ajuda de um pára-quedas na região da Mongólia. O astronauta Zhai Zhigang foi o primeiro a deixar a nave e foi saudado com flores e aplausos. Ele comemorou o retorno e se disse orgulhoso com os avanços do país.

O premiê Wen Jiabao falou à nação, minutos depois da aterrisagem, que os astronautas eram heróis e que haviam colocado a China na elite dos três países que conseguiram ter um homem passeando no espaço.




A habilidade de caminhar no espaço é chave para o objetivo de montar um laboratório espacial.





O programa espacial da China gera inquietação entre o Ocidente e o Japão, que temem que os chineses possam ter ambições militares.

A primeira missão tripulada da China ao espaço foi há cinco anos. Os únicos outros países que já realizaram caminhadas espaciais foram Rússia e Estados Unidos.

Reuters

sábado, 27 de setembro de 2008

Gelo marinho ártico é o 2º menor da história

da Reuters

Agora é oficial: o gelo marinho no Ártico atingiu em 2008 sua segunda menor extensão já registrada, 4,52 milhões de quilômetros quadrados. Embora seja 9,4% maior que o recorde de degelo de todos os tempos, batido em 2007, essa extensão sinaliza uma forte tendência de declínio, o que pode significar um pólo Norte sem gelo no verão num futuro próximo.

A estação de degelo foi considerada encerrada ontem pelo NSICD (Centro Nacional de Dados de Gelo e Neve) dos Estados Unidos, que monitora o estado da banquisa. A partir da segunda quinzena de setembro, quando começa o outono no hemisfério Norte, o gelo marinho começa a se recongelar.






Mosaico de imagens do satélite Aqua, da Nasa, mostra extensão da banquisa ártica entre julho e setembro de 2008

Apesar de afastado o temor de um novo recorde, a extensão da banquisa ficou 33% abaixo da média observada desde 1979, quando começaram as medições com satélites.

E, neste ano, tornou-se possível pela primeira vez circunavegar o Ártico. Tanto a Passagem Noroeste (entre a Europa e a Ásia via Canadá) quanto a Rota Marítima Norte (pela costa siberiana) se abriram.

"Não estamos num mínimo como o do ano passado, mas estamos abaixo de qualquer coisa que tivemos no passado", disse Walt Meier, do NSIDC.

O gelo ártico é um fator de regulação do clima global. A diferença entre o ar frio dos pólos e o ar quente no Equador põe em marcha as correntes marinhas e os ventos. O gelo marinho ajuda a manter o frio no pólo Norte, porque rebate a radiação solar de volta para o espaço. Quando a banquisa derrete, a água escura absorve radiação, aumentando mais o calor.

O degelo de 2008, para Meier, é de certa forma mais grave que o de 2007, porque 2008 foi mais frio no norte.
"Em termos de clima no longo prazo, isto não é uma recuperação de forma alguma", ele disse. "A tendência de longo prazo é ladeira abaixo, e ela está ficando mais íngreme."

Os cientistas atribuem o degelo ao aquecimento global. "Isso é uma indicação de que não se trata de nenhum ciclo temporário. É mais uma indicação de que estamos chegando ao ponto em que teremos o gelo marinho completamente derretido, nas próximas décadas ou talvez antes."

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

"Os cientistas estão dando razão aos hippies", diz Lenine, que lança novo álbum nesta sexta-feira

PEDRO CARVALHO
Enviado especial ao Rio*

Sai nesta sexta-feira (19) "Labiata", o mais novo trabalho de Lenine. Seis anos após o último álbum de estúdio, "Falange Canibal" (2002), que marcou o fechamento da trilogia da qual também fizeram parte "O Dia em que Faremos Contato" (1997) e "Na Pressão" (1999), momento indica uma mudança de ares e possivelmente um novo período na carreira do cantor.

Logo de cara, "Labiata" demonstra uma sonoridade mais direta do que nos discos anteriores. Gravadas com a banda que acompanha Lenine ao vivo, em sessões enxutas, com poucos takes, as canções eram registradas conforme iam sendo compostas, privilegiando a energia do momento e a intuição de quem está acostumado a tocar em conjunto. Músicas como "O Céu é Muito", foram gravadas inteiramente "ao vivo" dentro do estúdio, todos os músicos ao mesmo tempo.

"Meu processo de produção foi se complicando cada vez mais durante minha carreira, até que chegou a hora de descomplicar. Cada vez mais, eu considero o simples e direto o melhor. Estou mais nu, mais exposto", diz o cantor.

Outra novidade do novo álbum foi o lançamento simultâneo em vinil de 180 gramas, para agradar aos audiófilos mais exigentes. "Fizemos isso para celebrar o passado e o futuro da música", diz Lenine. "No caso, o passado é o CD e o futuro é o vinil". O LP, que recebeu masterização especial e uma ordem diferente das faixas para funcionar melhor com os dois lados do disco, foi fabricado nos EUA e importado num lote inicial de 1000 cópias

Lenine começa a turnê de "Labiata" no dia 31 de outubro, em São Paulo, onde fará uma temporada de três dias no Sesc Pinheiros.

Leia abaixo a entrevista com Lenine:

UOL - Nesse disco novo você teve essa experiência de ir fazendo demos no estúdio durante o próprio processo de composição. Você compôs e gravou ao mesmo tempo?

Lenine - Quase isso. Na verdade o processo de compor continuou sendo solitário, entre quatro paredes, em casa à noite. Compunha em casa e no dia seguinte ia para o estúdio, criava uma batida e gravava voz e violão, já visualizando uma forma para a música. Foi assim com uma música por dia, na primeira quinzena de março. Terminados esses quinze dias, nós começamos a produzir o que saiu no disco.

O "Labiata" é fruto de duas experiências recentes que eu tive. Uma foi o "Acústico MTV" e a outra foi a trilha do espetáculo "Breu", do Grupo Corpo. No "Acústico" eu pude agregar no estúdio o espírito que do grupo que está comigo no palco, alguns deles há 17 anos. É uma família, mas cujo trabalho sempre foi adaptar comigo o repertório dos CDs para os shows. Desta vez foi o contrário, eu trouxe eles para dentro do estúdio. E simultaneamente ao acústico eu fiz a trilha do "Breu", que foi toda composta no estúdio como o "Labiata" e que eu tendo a considerar como um disco de carreira mesmo, tem uma autoralidade ali.

UOL - Isso te deu a liberdade de não se preocupar com as fórmulas de um disco convencional?

Lenine - Deu uma liberdade apavorante. Foi minha primeira experiência com dança. Já havia trabalhado com musicais e cinema, mas nunca com dança. E me disseram três coisas na primeira reunião: que eu fizesse a trilha, que fossem entre 40 e 50 minutos de música e a terceira foi "divirta-se, quando você achar que dá para mostra, você me mostra". Foi um estímulo e confirmou que aquela era uma possibilidade real.

UOL - Às vezes quando você se impõe parâmetros e limites a coisa flui com mais foco.

Lenine - Muito mais foco e intuição também. Foi opcional gravar assim, a serviço da composição e do projeto todo. É um risco calculado. A impressão que eu tenho é que fui sedimentando o meu trabalho e criando um público que espera este risco a todo momento, que espera sempre que eu me atire. Esse tipo de liberdade é tudo o que um artista quer.

UOL - Você tem um lado mais visceral do que o que se espera de um artista típico de mpb.

Lenine - Eu sempre digo que eu sou "pedreiro", para não dizer roqueiro, muito mais na atitude do que em qualquer outra coisa. Isso talvez fique mais evidente nos meus shows. Nos discos é bem diferente, porque o processo fonográfico é estranho. Você grava num ambiente hospitalar, asséptico e tem que extrair daquilo algum tipo de emoção que contagie as pessoas.

UOL - E neste novo trabalho você fez isso, criando de maneira mais instintiva?

Lenine - Perfeitamente. Usei a intuição e o instinto a serviço do trabalho. São músicas mais simples, mais coesas, com menos informação. O menos virou mais. Em contrapartida, é o meu disco mais pesado, justamente por ser íntimo. Trabalhei só com gente muito chegada. Duas palavras definem o disco: intimidade e natureza. Mesmo músicas que não são tão explícitas, como "É o Que Me Interessa" e "Martelo Bigorna" falam da natureza humana.

UOL - "Samba e Leveza" é uma parceria com Chico Science, que era pernambucano como você. Nos anos 90 o Brasil abriu os olhos para vários artistas de lá, como já havia acontecido com a Bahia na tropicália.

Lenine - Quando a gente fala sobre isso, vamos esbarrar na palavra "movimento". E movimento é uma coisa sectária, segregacionista, com uma unidade estética. E isso não aconteceu no mangue beat. Era tão difícil fazer que só o fato de alguém fazer algo já os unia. A diversidade em si unia. E isso é totalmente diferente da bossa nova e da tropicália. Talvez seja a hora de contar a história dos solitários, que não se associaram a nenhum movimento. Onde se encaixam Zélia Duncan, Jorge Ben, Djavan, André Abujamra, Chico César? São os solitários solidários. Por terem seus próprios caminhos, esses solitários são mais generosos. Isso nos une.

Nunca fui íntimo do Chico Science. Nos encontramos em turnês, dividimos o palco dentro e fora do país, era um amigo, mas não íntimo. Recebi um telefonema em casa de uma amiga em comum com a Goretti, irmã do Chico, que me disse que ela estava no Rio, louca para falar comigo. Eu não a conhecia, mas ela abriu o íntimo na minha casa. Me contou que o Chico, alguns dias antes de morrer, tinha chegado de viagem completamente apaixonado e estava cantarolando uma canção nova, romântica, que não tinha nada a ver com o trabalho visceral e vigoroso que ele fazia com a Nação Zumbi. E segundo com ela, a única pessoa que ela sentia capaz de pegar essas palavras e jogar para o mundo seria eu.

Logo abaixo do título "Samba e Leveza" está escrito "pra Goretti", porque foi ela quem me deu o subterfúgio para que eu incluísse o Chico na minha intimidade. Ela foi a musa disso tudo. Ela me abriu um livro de manuscritos dele com vários fragmentos. E sempre se repetia a palavra "sambá", como substantivo mesmo falando da paixão do Chico. Então, o que me levou a fazer a canção foi a intimidade que ela expôs para mim. Fiquei um pouco relutante no início até descobrir o fio condutor que foi nosso encontro. A música é uma mistura do material do Chico com esse tema.

UOL - O disco novo recebeu uma bela edição em vinil.

Lenine - Quando eu era menino eu trabalhava numa loja de discos importados e minha coleção era toda importada, porque a qualidade era muito melhor. Por isso, fiz questão que a versão em vinil do "Labiata" fosse feita no exterior, em 180 gramas. Me deu o maior orgulho. E em alguns países ele só vai sair em vinil. Para mim é o filé da propagação musical, um objeto de desejo.

Eu ainda tenho mais de mil discos dessa época, a maioria de rock. Um deles era o de uma banda de rock progressivo maluco, o Esperanto, que eu nem gostava tanto de ouvir, mas achava tão inusitado que mostrava para todo mundo.

UOL - Qual foi a influência primordial, que te fez querer ser músico?

Lenine - Led Zeppelin. Só fui estabelecer um contato direto com a música brasileira depois, com o Clube da Esquina. Num primeiro momento foi só o rock, radicalmente. Até os 17 anos eu achava todo o resto ruim. Mas inconscientemente, por causa do meu pai, eu tinha no arquivo oculto, no fundo da alma, tudo de Jackson do Pandeiro, Nelson Gonsalves, Ângela Maria.

Até que, quando entrei na faculdade, estava numa reunião do DCE e me mostraram o disco "Os Reis do Ritmo", de Jackson do Pandeiro. Achei que não conhecia, mas já na primeira música eu comecei a cantar e acabei cantando o disco inteiro. Fui para casa, abri a discoteca do meu pai e soube como acessar este arquivo oculto.

UOL - A base do Led Zeppelin é o blues e existe um paralelo evidente entre o blues e certos gêneros da música nordestina. Onde o nordeste está na sua obra?

Lenine - Eu acho que o ser humano só é formado de fato até os 17 anos. Depois disso é uma lapidação. Então o nordeste vai comigo onde eu for. É intrínseco, por mais que eu esteja há 30 anos no Rio de Janeiro, as letras t e d sempre serão para mim pronunciadas da maneira nordestina. É uma coisa de alfabetização, você aprende que a língua vai no dente.

O que eu quero dizer é que a minha formação foi em Recife. É uma cidade portuária, formada por ilha e ponte. Ilha tem a ver com isolamento e ponte com ligação. Pernambuco é uma palavra deste tamanho, cheia de letras e nenhuma delas se repete. Meu tipo de humor vem daí, o tipo de conduta, a esperança de viver cada vez melhor e não perder tempo com coisas pequenas, tudo isso tem a ver com a minha formação no nordeste.

Mas não posso esquecer que eu me formei como músico no Rio de Janeiro. Talvez seja mais fácil para um brasileiro médio reconhecer o que meu trabalho tem de nordestino, mas no exterior é o contrário, eles reconhecem mais o que ele não tem de brasileiro. Meu disco na França fica na prateleira de música contemporânea. No Japão é rock and roll. Na Inglaterra é rock contemporâneo. E tem também a pecha de "world music", como se existisse música de Marte ou Júpiter.

Hoje em dia meus discos saem em 20, 30 países, sempre com as letras traduzidas, já que 50% do meu trabalho é o texto. Mesmo em países onde a letra se perde, existe a possibilidade de pegar o disco em casa e saber o que eu estou dizendo.

UOL - O release do disco, escrito por seu filho João, fala sobre uma "perspectiva da catástrofe", que permeia trabalho e que o trabalho tem uma "mensagem punk". De onde vem isso?

Lenine - Ele explicitou algo que está presente em toda a minha obra. Se você pega o disco "O Dia Em Que Faremos Contato" isso já está lá com todos os elementos. Até mesmo porque ele, que é jornalista, identifica um tipo de jornalismo no meu trabalho.

UOL - É difícil manter o otimismo na década atual.

Lenine - Eu estou cada vez mais otimista. A letra de "É Fogo" fala muito disso, que os cientistas estão dando razão a nós, que antes éramos "meros hippies". Durante muito tempo, existia uma facção que dizia que estávamos destruindo o planeta, mas todo mundo pensava que era algo que só faria diferença dali a quatro ou cinco gerações. Até que descobriram que a destruição não era uma progressão aritmética e sim geométrica, com uma velocidade avassaladora. E o nosso discurso passou a ter razão.

O público médio já tem acesso à deterioração que estamos causando. A percepção de que tudo isso é realidade está engrossando as fileiras da "turma do bem". É daí que vem meu otimismo. Eu posso estar sendo excessivamente otimista, mas eu percebo isso. Apenas em momentos críticos é que você pode chacoalhar a consciência das pessoas.

*O jornalista Pedro Carvalho viajou a convite da gravadora Universal.

UOL Música

Líder em intenções de voto no Recife, petista João da Costa tem candidatura cassada

Vanessa Calado
Especial para o UOL

A 12 dias do primeiro turno, o líder nas pesquisas de intenções de voto para a Prefeitura do Recife, João da Costa (PT), foi declarado inelegível pela Justiça Eleitoral.

"Eu cassei a candidatura de João da Costa", disse o juiz Nilson Nery. "O candidato poderá recorrer ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) e ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e concorrer 'sub judici' [em juízo] aguardando a decisão. Mas tecnicamente, ele já é considerado inelegível", explicou o juiz.




João da Costa é acusado de se usar Prefeitura de Recife para fazer campanha




O petista confirmou que recorrerá da decisão para manter-se na disputa A decisão do juiz baseou-se em representação do Ministério Público e determinou, ainda, que o petista não poderá concorrer a cargos eletivos durante três anos.

Pesa sobre o candidato a acusação de usar a Prefeitura - administrada, atualmente, por outro petista, João Paulo - para fazer campanha eleitoral, o que é proibido por lei.

Perícia da Polícia Federal nos computadores da Secretaria de Educação mostrou e-mails enviados por funcionários que ocupam cargo de confiança (que entram por indicação) convocando outros servidores a participarem de atividades de campanha.

Foi encontrado, também, material publicitário do candidato e orientações da direção nacional do PT sobre as eleições 2008, conforme laudo da PF vazado à imprensa por DEM e PMDB - cujos candidatos deverão ser os maiores beneficiados pela saída de João da Costa da disputa.

"Os laudos comprovam, sem sombra de dúvidas, o uso da máquina pública pelos servidores detentores de cargos comissionados da Secretaria de Educação", afirmou a promotora responsável pelo caso, Andrea Nunes Padilha.

Em coletiva à imprensa, nesta tarde, o juiz Nilson Nery falou que "os servidores fizeram da Secretaria de Educação uma sucursal do Ponto 13". Na mesma decisão, o magistrado avaliou que não há provas de participação do prefeito João Paulo - que, portanto, não sofrerá qualquer punição.

Segundo o TRE (Tribunal Regional Eleitoral), os candidatos precisam ser impugnados em todas as instâncias para ter a candidatura impedida. Enquanto aguardam o julgamento dos recursos, podem continuar concorrendo aos cargos, sob o risco de ter de arcar com os prejuízos financeiros caso tenham a candidatura anulada.

A legislação eleitoral prevê três prazos para as impugnações. Se a candidatura for anulada, o partido ou coligação pode indicar substituto, conforme a Resolução 22.716 do TSE

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Vaticano aceita evolução, mas não se desculpa com Darwin

Philip Pullella
Da Cidade do Vaticano

O Vaticano disse nesta terça-feira que a teoria da evolução é compatível com a Bíblia, mas não planeja um pedido de desculpas póstumo a Charles Darwin pela fria recepção dada a ele há 150 anos.


















O arcebispo Gianfranco Ravasi, o ministro da Cultura do Vaticano, deu a declaração durante o anúncio de uma conferência de cientistas, teólogos e filósofos que acontecerá em Roma em março de 2009, marcando os 150 anos da publicação da obra "A Origem das Espécies" de Darwin. Igrejas cristãs são há muito tempo hostis a Darwin, pois sua teoria conflitava com a acepção bíblica da criação.

Mais cedo nesta semana, um importante membro da Igreja anglicana, Malcom Brown, disse que a instituição devia desculpas a Darwin pela maneira como suas idéias foram recebidas na Inglaterra.

O papa Pio 12 descreveu a evolução como uma abordagem válida do desenvolvimento humano em 1950 e o papa João Paulo segundo reiterou o fato em 1996. Mas Ravasi disse que o Vaticano não tinha a intenção de se desculpar por sua visão negativa anterior.

"Talvez devêssemos abandonar a idéia de emitir pedidos de desculpas como se a história fosse um tribunal que está eternamente em sessão", disse, acrescentando que as teorias de Darwin "nunca foram condenadas pela Igreja Católica e nem seu livro havia sido banido".

O criacionismo é a crença de que Deus teria criado o mundo em seis dias, como é descrito na Bíblia, no Gênesis. Para a Igreja Católica, o livro faz uma alegoria para a maneira como Deus criou o mundo.

Alguns outros cristãos, na maioria protestantes nos Estados Unidos, lêem o Gênesis literalmente e protestam contra o fato de a evolução ser ensinada em aulas de biologia em colégios públicos.

Sarah Palin, a candidata à Vice-Presidência pelo Partido Republicano, disse em 2006 que apoiava que o criacionismo e a teoria da evolução fossem ensinados nas escolas, mas afirmou subseqüentemente que o criacionismo não deveria necessariamente ser parte do curso.

UOL Ciência e Saúde

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Um dos fundadores do Pink Floyd, tecladista Richard Wright morre aos 65 anos

Da Redação

AFP










Rick Wright (d.), na reunião da formação clássica do Pink Floyd em Londres (02/07/2005)

O tecladista Richard Wright, um dos fundadores do grupo britânico Pink Floyd, morreu de câncer nesta segunda-feira (15) aos 65 anos, informou um porta-voz do músico.

"A família de Richard Wright, membro fundador do Pink Floyd, anuncia com grande tristeza que Richard morreu hoje após uma curta luta contra o câncer", comunicou.

Wright criou o Pink Floyd com Roger Waters, o baterista Nick Mason e o guitarrista Syd Barret.

Embora como compositor não tenha sido tão produtivo quanto Waters, com quem manteve grande rivalidade, escreveu algumas canções de discos famosos como "Meddle" (1971), "The Dark Side of the Moon" (1973) e "Wish You Were Here" (1975).

Durante a gravação de "The Wall" (1979), Wright deixou a banda devido a diferenças irreconciliáveis com Waters.

No entanto Wright seguiu tocando com o Pink Floyd como músico contratado durante a turnê de "The Wall" em 1980 e 1981.

Autor de dois discos solos, "Wet Dream" (1978) e "Broken China" (1996), o músico continuou colaborando com o Pink Floyd, sobretudo após a saída de Waters da banda, em 1985.

A banda

Surgido nos anos 60 em Londres, o Pink Floyd é um dos principais grupos da história do rock e já lançou álbuns clássicos como "Ummagumma" (1969) e "The Wall" (1979), entre outros.

O principal compositor da banda, Roger Waters, deixou o Pink Floyd no começo dos anos 80 e em 1986 tentou abrir um processo contra os ex-colegas. Liderado por David Gilmour, o grupo alcançou grande popularidade ao revisar seu repertório com lançamentos ao vivo -- como "Delicate Sound of Thunder" (1988) e "Pulse" (1995) -- e também com eventuais trabalhos de inéditas, como "A Momentary Lapse of Reason" (1987), "The Division Bell" (1994), entre outros.

Em Londres, no Live 8, em 2005, foi a única vez que a formação clássica da banda se reuniu depois da saída de Waters. Em 2007, os integrantes do Pink Floyd se apresentaram em Londres em um show de tributo ao fundador do grupo, Syd Barrett, morto em 2006 em decorrência de diabetes, mas o baixista Roger Waters optou por fazer uma apresentação à parte.

domingo, 14 de setembro de 2008

Alan Greenspan, ex-presidente do Fed, critica proposta de McCain

da Efe, em Washington

O ex-presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano) Alan Greenspan criticou cortes fiscais prometidos pelo candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, John McCain, em seu programa eleitoral.

"A menos que cortemos a despesa, não", disse Greenspan. Ele afirmou que a menos que se corte despesas, não são possíveis reduções impositivas --medidas que foram situadas por alguns cálculos em torno de US$ 3,3 trilhões (R$ 5,8 trilhões).

Brian Snyder /Reuters
















John McCain ao lado de sua vice, Sarah Palin; propostas de senador foram criticadas

"Não sou partidário a financiar cortes tributários com crédito. Sempre vinculei esses cortes a uma redução da despesa", disse o ex-responsável pela política monetária americana.

Entre as propostas de McCain estão redução de impostos às empresas, eliminação de gastos no Congresso que considera desnecessários e uma reestruturação do sistema de previdência social e da assistência médica aos idosos.

Os democratas se apoiaram imediatamente nos comentários de Greenspan para atacar o programa econômico do candidato republicano, que, no ano passado, disse que não conhecia muito sobre a economia do país.

Os gastos do Congresso que McCain propõe cortar, segundo os democratas, chegam a US$ 17 bilhões (R$ 30,2 bilhões). "Isso é muito dinheiro, mas não cobre nem de longe os US$ 3,5 trilhões em cortes fiscais", afirmou a senadora pelo Missouri Claire McCaskill.

A campanha de McCain reagiu aos comentários. "A proposta de cortes fiscais do senador McCain é modesta em comparação a seus planos para diminuir o crescimento brutal da despesa federal", afirmou o porta-voz do candidato, Tucker Bounds.

O candidato republicano, que se opôs aos cortes fiscais aprovados pelo presidente George W. Bush em 2003, agora afirma que os manterá.

Barack Obama, o candidato democrata, disse que cancelaria esses cortes para as famílias que recebem mais de US$ 250 mil (R$ 446 mil) ao ano. Com esse dinheiro, financiaria reduções tributárias para as famílias de classe média e trabalhadora.

Folha On Line

sábado, 13 de setembro de 2008

Evitando a Lei de Murphy

Introdução

Você está preso em um congestionamento gigantesco e está louco para chegar em casa, mas para seu desânimo, percebe que todas as outras faixas parecem estar andando, menos a sua. Você muda de faixa, mas assim que passa para outra faixa, os carros param. Com o carro parado, você nota que todas as faixas (incluindo a que você acabou de abandonar) estão andando - menos a sua.

Bem-vindo ao irritante mundo da Lei de Murphy. Essa expressão diz que tudo que pode dar errado vai dar errado. E pode ser isso mesmo. Não é devido a algum poder misterioso que a lei tenha. Na verdade, somos nós que damos importância à Lei de Murphy. Quando tudo dá certo, nem pensamos nisso. Afinal, esperamos que as coisas funcionem a nosso favor. Mas quando algo dá errado, procuramos razões.

Pense sobre caminhar. Quantas vezes você chegou ao seu destino e pensou "Nossa! Eu caminho muito bem"? Mas se você tropeça no meio-fio e rala o joelho, aposto que você vai pensar por que isso tinha que acontecer com você.

A Lei de Murphy tira vantagem da nossa tendência de enfatizar o negativo e não perceber o que é positivo. Ela se baseia nas leis da probabilidade - a possibilidade matemática de que algo vai acontecer.

A lei captura nossa imaginação. A Lei de Murphy e seus desdobramentos foram reunidos em livros e sites. Várias bandas têm seu nome e a Lei de Murphy também é um nome popular para pubs irlandeses e tavernas pelo mundo todo. Também foi o nome de um filme de ação.

Mas a Lei de Murphy é um conceito relativamente novo, que data da metade do século passado. O mágico Adam Hull Shirk escreveu em um ensaio em 1928, "De Como Evitar as Coisas", relatando que, em um ato de mágica, nove de dez coisas que podem dar errado geralmente dão errado [fonte: American Dialect Society (em inglês)]. Mesmo antes disso, ela era chamada de Lei de Sod, que diz que qualquer coisa ruim que pode acontecer a um pobre ingênuo vai acontecer. Na verdade, a Lei de Murphy ainda é chamada de Lei de Sod na Inglaterra [fonte: As Leis de Murphy (em inglês)].

Neste artigo, falaremos sobre a Lei de Murphy, suas conseqüências e o seu impacto no nosso mundo. Na próxima seção, veremos a história por trás da Lei de Murphy.

Quem foi o capitão Edward A. Murphy Jr.?

Coronel John Paul Stapp a bordo do foguete-trenó
"Gee Whiz" na Base da Força Aérea de Edwards

Acredite ou não, Murphy existiu e morou nos Estados Unidos até sua morte em 1990. O capitão Edward A. Murphy Jr. era engenheiro da Força Aérea. Apesar de ter participado de outros testes de design de engenharia nas suas carreiras civil e militar, foi um teste do qual ele participou - quase por acaso - que deu origem à Lei de Murphy.

Em 1949, na Base da Força Aérea de Edwards na Califórnia, oficiais conduziam os testes do projeto MX981 para determinar de uma vez por todas quantos Gs (a força da gravidade) um ser humano poderia suportar. Eles acreditavam que suas descobertas poderiam ser aplicadas a futuros designs de aviões.

A equipe usou um trenó foguete chamado "Gee Whiz" para simular a força de uma colisão aérea. O trenó andou a mais de 320 km/h em um trilho de 800 metros, chegando a uma brusca parada em menos de um segundo. O problema era que, para descobrir quanta força uma pessoa aguentaria, a equipe precisava de uma pessoa de verdade para fazer o experimento. É aí que entra o coronel John Paul Stapp. Stapp foi um físico de carreira da Força Aérea e se ofereceu para dar uma volta no trenó-foguete. Durante vários meses, Stapp andou várias vezes no aparelho e cada volta era uma tortura física. Ele acabou com ossos quebrados, concussões e vasos sanguíneos rompidos nos olhos, tudo em nome da ciência [fonte: Spark (em inglês)].

Murphy frequentou um desses testes, levando um presente: um conjunto de sensores que poderiam ser presos às cintas que prendiam Stapp ao trenó-foguete. Os sensores eram capazes de medir a quantidade exata de força G aplicada quando o trenó-foguete fazia a parada súbita, tornando os dados mais confiáveis.

Há várias histórias sobre o que aconteceu naquele dia e sobre quem contribuiu com o quê para a criação da Lei de Murphy, mas o que segue está bem próximo do que aconteceu realmente.

O primeiro teste depois que Murphy prendeu seus sensores nas cintas produziu uma leitura igual a zero - todos os sensores haviam sido conectados de forma incorreta. Para cada sensor, havia duas maneiras de fazer a conexão e cada um deles foi instalado de maneira incorreta.

Quando Murphy descobriu o erro, resmungou alguma coisa sobre o técnico, que foi supostamente responsabilizado pelo estrago. Murphy disse algo como "se há duas formas de fazer alguma coisa e uma delas vai resultar em um desastre, é assim que ele vai fazer" [fonte: Pesquisas Improváveis (em inglês)].

Pouco tempo depois, Murphy voltou para o Aeroporto Wright, sua base. Mas Stapp, conhecido por seu senso de humor e perspicácia, reconheceu a universalidade do que Murphy havia dito e em uma coletiva de imprensa disse que a segurança da equipe do trenó foguete deveu-se à Lei de Murphy. Ele disse à imprensa que a Lei significava que "Tudo que pode dar errado dá errado" [fonte: The Jargon File (em inglês)].

Bastou isso. A Lei de Murphy começou a aparecer em publicações aeroespaciais e, logo depois, caiu na cultura popular tendo inclusive sido transformada em livro nos anos 70.

Desde então, ela foi expandida. Na próxima seção, veremos algumas interpretações e conseqüências da Lei de Murphy.

Evitando a Lei de Murphy

Enquanto a maioria de nós gosta da Lei de Murphy pela capacidade de explicar nosso senso de impotência em certos casos, outros enxergam a lei como uma ferramenta. Pelo menos uma pessoa a vê como uma equação matemática que pode prever as chances de processos darem errado. Joel Pel, engenheiro biológico da University of British Columbia (em inglês), criou uma fórmula que prevê a ocorrência da Lei de Murphy.

A fórmula usa uma constante igual a um, um fator inconstante e algumas variáveis. Nesta fórmula, Pel usa a importância do evento (I), a complexidade do sistema envolvido (C), a urgência da necessidade de o sistema funcionar (U) e a frequência com que o sistema é usado (F).

Em um ensaio escrito para a revista Science Creative Quarterly, Pel usa o exemplo de prever a ocorrência da Lei de Murphy quando um motorista precisa dirigir seu Toyota Tercel (em inglês) em um trajeto de aproximadamente 100 km até sua casa debaixo de uma tempestade sem que a embreagem quebre. Usando a Equação de Murphy, Pel chegou a uma resposta igual a 1, o que significa que a embreagem do Tercel com certeza vai quebrar em uma tempestade. Apesar de todos que conhecem um Tercel esperarem que isso aconteça, é um certo consolo saber que isso pode ser previsto matematicamente [fonte: Science Creative Quarterly (em inglês)].

A Lei de Murphy lembra aos engenheiros, programadores de computador (em inglês) e cientistas uma verdade muito simples: sistemas falham. Em alguns casos, a falha de um sistema significa que o experimento deve ser repetido. Em outros casos, o resultado de uma falha pode custar muito mais caro.

A NASA sabe disso. A agência espacial já teve inúmeras falhas e, apesar de o número ser proporcionalmente pequeno em relação ao seu sucesso, as falhas geralmente custam muito caro. Ironicamente, no caso de uma nave não tripulada em órbita, um conjunto de sensores tinha duas maneiras de ser conectado e - exatamente como aconteceu no teste Gee Whiz de Murphy - todos os sensores foram conectados de maneira incorreta. Quando os sensores não funcionaram como havia sido projetado, os pára-quedas, cujo propósito era diminuir a velocidade da nave não abriram, e a nave se estraçalhou no meio do deserto [fonte: MSNBC (em inglês)].

São exemplos como esse, junto com a consciência da Lei de Murphy, que levaram designers a instalar dispositivos de segurança. Há vários exemplos desses equipamentos à nossa volta. Alguns são sistemas que usam escolhas limitadas para reduzir erros, como pinos de tamanhos diferentes em um plugue elétrico. Outros são mecanismos que evitam que as coisas passem de ruim para pior em caso de falha, como as máquinas de cortar grama que têm alavancas que precisam ser pressionadas para a máquina funcionar. Se a pessoa que opera a máquina soltar a alavanca, o cortador pára de funcionar.

Dispositivos de segurança também são conhecidos como "à prova de idiotas". Mas a Lei de Murphy tende a entrar em ação, mesmo quando todo cuidado foi tomado para garantir que falhas ou catástrofes não aconteçam. Isso nos leva à última lei relacionada à Lei de Murphy que mencionaremos: a Lei de Grave, que diz que "se você faz algo à prova de idiotas, o mundo criará um idiota melhor".

How Stuff Works

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Aprenda a usar as novas regras da língua portuguesa, com livro do Instituto Houaiss

da Folha Online

A partir de 2009, o português escrito no Brasil passa a seguir as regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado também por Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe.

Será o primeiro país a adotar oficialmente a nova grafia, que será obrigatória em documentos oficiais e para a mídia. No ensino público, as regras começam a ser implementadas em 2010 e até 2012 as novas regras serão adotadas para todas as séries.

O livro "Escrevendo Pela Nova Ortografia" inaugura uma importante parceria entre a Publifolha e o Instituto Antônio Houaiss, uma das mais importantes instituições ligadas à língua portuguesa no Brasil.

O título esclarece as principais dúvidas e trata das principais questões do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, como acentuação, trema, hífens, uso do "h", grafia de nomes próprios estrangeiros, entre outras. Traz informações essenciais para todas as pessoas -de estudantes a profissionais-, que usam qualquer forma escrita da língua portuguesa.

"Este livro pretende ser um guia para acabar com as dúvidas referentes às novas normas ortográficas. Ele não só as expõe de forma muito elucidativa e didática (mérito de Antônio Houaiss), contrastando regras e exemplos segundo a norma atual e a futura, mas ainda apresenta com bastante minúcia os resultados das novas regras relativas ao uso do hífen", afirma José Carlos de Azeredo, coordenador do livro.

O título está em pré-venda no site da Publifolha por R$ 19,90. A pré-venda é uma ferramenta que permite que o leitor faça a reserva para compra e receba a encomenda na data do lançamento. A cobrança só é feita após o envio do livro.

Com uma versão concisa e simplificada do Acordo, o livro apresenta um capítulo inteiro que explica as novas regras em 21 tópicos que mais possam interessar ao leitor e aos professores de português, além de contar com um quadro-resumo que mostra de forma fácil as principais mudanças ortográficas. O título reproduz também o texto do acordo na íntegra, com observações e explicações.

O título também traça uma breve história da língua portuguesa e o percurso da ortografia do idioma, além de fazer considerações sobre a função social de uma língua e sobre variação lingüística e uniformização ortográfica.

Os Autores

Antônio Houaiss (1915-1999) foi filólogo, diplomata, fez crítica textual e foi o principal negociador brasileiro do Acordo Ortográfico, firmado em 1990 pela comunidade de nações lusofônicas. Foi também ministro da Cultura e presidente da Academia Brasileira de Letras. Grande estudioso da língua portuguesa, foi editor-chefe de duas enciclopédias e é um dos autores do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Entre diversos outros livros, escreveu Sugestões Para Uma Política da Língua (Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1960) e Elementos de Bibliologia (Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1967). Traduziu para o português Ulisses, de James Joyce.

José Carlos Santos de Azeredo é doutor em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde lecionou língua portuguesa de 1970 a 1996. Hoje, é professor adjunto do Instituto de Letras da UERJ. É autor de Iniciação à Sintaxe do Português (1990), Fundamentos de Gramática do Português (2000) e de Ensino de Português: Fundamentos, Percursos e Objetos (2007), todos publicados por J.Zahar Editor.

"Escrevendo Pela Nova Ortografia"
Autor: Instituto Antônio Houaiss e José Carlos de Azeredo (Coordenação e assistência técnica)
Editora: Publifolha
Páginas: 136
Quanto: R$ 19,90
Onde comprar: pré-venda no site da Publifolha
Disponibilidade: Lançamento em 20/09/2008.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

"Bidu não morreu", garante Mauricio de Sousa em evento da "Turma da Mônica Jovem"

HELOÍSA DALL'ANTONIA
Da Reportagem Local

A "Turma da Mônica Jovem" ganha até o dia 14 de setembro, no Shopping Bourbon, em São Paulo, um evento que mostrará o estudo de criação dos personagens, além de clipes, exposição de outros títulos protagonizados pela turminha, shows com os personagens e até autógrafos do autor Mauricio de Sousa.

A investida do autor no mundo dos mangás, com seus personagens clássicos "crescidos", teve lançamento oficial na Bienal do Livro e, desde então, já teve triplicada sua tiragem inicial para poder atender à procura dos leitores, que esgotaram a primeira edição de "4 Dimensões Mágicas".

Em entrevista ao UOL Jovem, Maurício de Sousa disse que apesar de os elementos dos quadrinhos japoneses estarem sempre presentes nessa nova fase dos personagens, com direito a lutas, samurais e magia, "eles vão servir de pano de fundo para outras questões que fazem parte do universo dos jovens". Assim, os leitores podem esperar por tramas com direito até a um triângulo amoroso. "As histórias vão falar daquilo que os jovens também falam. Tenho vários filhos, de diversas idades e ouço isso todo dia", justifica de forma divertida.

Apesar de não poder falar sobre os outros personagens que entrarão nesse primeiro mangá, o autor garante que veremos outros membros da turminha nas páginas. Vanda e Valéria, as duas filhas gêmeas de Maurício também devem aparecer nos próximos volumes das "4 Dimensões Mágicas".

Como vocês cresceram!

Sousa comentou que algumas das maiores alterações em seus personagens podem ganhar arcos específicos de histórias para serem mais bem explicadas, como o fato de agora Cascão tomar banho de vez em quando ou Mônica estar aprendendo a lidar com seu gênio forte.

O vocabulário das próximas tramas, assim como a dessa primeira, deve conter várias referências ao mundo oriental, "afinal a garotada está acostumada com esse vocabulário", completa. O traço dos gibis também continuará sendo um mix dos mangás com o estilo dos personagens do autor.

E o cachorrinho azul Bidu? "Fiz as contas e ele deve estar com uns 90 anos agora, mas ele não morreu não", garante Sousa, para alívio dos fãs. "E agora ele já deve ter filhotes!"

UOL JOvem

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Para Hawking, acelerador de partículas não ameaça a Terra

O físico britânico Stephen Hawking afirma que não há perigo de que, ao ser acionado nesta quarta-feira, um gigantesco acelerador de partículas construído sob os Alpes suíços possa criar um buraco negro capaz de engolir o planeta (e o resto do sistema solar) em questão de minutos - como temem alguns cientistas.


O Grande Colisor de Hádrons, (LHC, na sigla em inglês) será ligado amanhã pela Organização Européia para Pesquisa Nuclear (Cern). A máquina mais potente já construída pelos físicos é o maior acelerador de partículas já criado. Leia mais
COLISOR DE HÁDRONS
RAP EXPLICA O ACELERADOR
INFOGRÁFICO: COMO FUNCIONA
DÊ SUA OPINIÃO
O acelerador, construído pela Organização Européia para Pesquisa Nuclear (Cern, na sigla em francês) em um laboratório subterrâneo na fronteira franco-suíça, perto de Genebra, foi batizado de LHC (sigla em inglês de Large Hadron Collider - Grande Colisor de Hádrons). O equipamento é o maior e mais complexo instrumento científico já construído, e também o mais caro - com um custo estimado em US$ 8 bilhões. O teste será transmitido ao vivo, pela Internet, no site da Cern.

O LHC foi projetado para atirar partículas de prótons umas contra as outras quase à velocidade da luz. Os cientistas esperam que a liberação maciça de energia causada pelo choque das partículas seja capaz de recriar as condições que existiam no universo imediatamente após o Big Bang.

Buraco negro
Temerosos, grupos de cientistas foram duas vezes a tribunais europeus tentar impedir o acionamento do aparelho. Mas, em entrevista à BBC, Hawking - um dos físicos mais respeitados do mundo - afirma que o experimento não representa perigo.

"Se as colisões no LHC criarem um micro buraco negro, e isso é pouco provável, ele apenas evaporará novamente, produzindo padrões característicos de partículas", disse o físico.

"Colisões com essas, e ainda maiores, quantidades de energia ocorrem milhões de vezes por dia na atmosfera da Terra e nada terrível acontece", acrescentou. Físicos esperam que o LHC ajude a resolver algumas das questões mais fundamentais sobre a natureza do mundo, revelando os segredos da chamada matéria escura.


Partícula 'Deus'
Uma das questões que despertam maior expectativa diz respeito à partícula de Higgs, também conhecida como "partícula Deus", a mais procurada pelos físicos.

Cientistas acreditam que ela dê massa a tudo o que existe, e encontrá-la seria crucial para a nossa compreensão do universo. Hawking, no entanto, diz ter apostado cem libras (cerca de US$ 170) que o acelerador não vai encontrá-la.

"Acho que vai ser muito mais interessante se não encontrarmos (a partícula de) Higgs. Isso vai mostrar que algo está errado, e que precisamos pensar de novo", afirmou. "Fiz uma aposta de cem libras que não vamos encontrar a Higgs." Na opinião de Hawking, o LHC também pode ajudar na identificação de partículas que os físicos chamam de "super-parceiros", ou "parceiros supersimétricos" para as partículas que conhecemos hoje.

"Sua existência seria uma confirmação importante da Teoria da Corda, e elas podem compor a misteriosa matéria escura que mantém as galáxias juntas", afirma o físico britânico.

"O que quer que o LCH encontre, ou não encontre, os resultados vão nos dizer muito sobre a estrutura do universo", acrescentou. "O LHC vai aumentar quatro vezes a energia com que podemos estudar interações entre partículas."

Altos custos
Na entrevista à BBC, Stephen Hawking também rebateu as críticas dos que reclamam dos altos custos do projeto. "Ao longo da história, as pessoas têm estudado ciência pura por causa de um desejo de conhecer o universo, mais do que por aplicações práticas, ou ganhos comerciais", afirma o físico. "Mas suas descobertas mais tarde trouxeram grandes benefícios práticos." "É difícil ver um retorno econômico da pesquisa do LHC, mas isso não significa que não haverá algum", acrescentou.

Quando perguntado se seria capaz de escolher entre o LHC ou o programa espacial, Hawking disse que seria o mesmo que escolher "qual dos filhos escolher para o sacrifício".

"Tanto o LHC como o programa espacial são vitais para que a raça humana não se embruteça e, finalmente, morra", afirma o físico. "Juntos, eles custam menos do que 0,1% do PIB mundial." "Se a raça humana não puder sustentar isso, não merece o epíteto 'humana'", comparou Hawking.

Universos Paralelos
Cientistas tem comentado, embora com cautela, que os experimentos da CERN estão se aventurando pelo terreno da ficção científica especulativa: universos múltiplos, mundos paralelos e buracos negros no espaço funcionando como elos entre esferas diferentes de existência.

Hawking afirma que um universo paralelo pode ser muito diferente do que o que conhecemos. "De acordo com a idéia da soma de histórias, de Richard Feynman, o universo não apenas tem uma única história, como poderíamos pensar, mas tem todas as histórias possíveis, cada uma com seu proprio peso", diz o físico.

"Algumas dessas histórias conterão criaturas como eu, fazendo coisas diferentes, mas a vasta maioria das histórias será muito diferente."

Prêmio Nobel
Em 1974, Stephen Hawking defendeu a idéia de que devido a efeitos quânticos, buracos negros primordiais criados durante o Big Bang poderiam "evaporar" por um processo hoje chamado de Radiação Hawking, em que partículas de matéria seriam emitidas.

De acordo com esta teoria, quanto menor o tamanho do micro buraco negro, mais rápido o índice de evaporação, resultando em explosões repentinas de partículas.

No passado, Hawking fez piadas e chegou a dizer que se o LHC realmente criasse buracos negros, e mesmo se eles durassem muito pouco tempo, isso poderia lhe valer um prêmio Nobel. Hoje, no entanto, o físico britânico diz não acreditar que isso seja iminente.

"Se o LHC produzisse pequenos buracos negros, não penso que haja qualquer dúvida de que eu ganharia um prêmio Nobel, se eles mostrassem as propriedades que eu prevejo", afirma Hawking.

"No entanto, acho que a probabilidade de que o LHC tenha energia suficiente para criar buracos negros é menor do que 1%", acrescentou. "Então, não estou contando com isso."

UOL Ciência e Saúde

terça-feira, 9 de setembro de 2008

"Não pedi para ser ministro", diz Carlos Minc no balanço de cem dias de ministério

da Folha Online

O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) divulgou carta na qual faz um balanço dos cem dias desde que assumiu a pasta, informa o blog Ciência em Dia. Minc inicia o documento afirmando que que não pediu para ser ministro. "Não queria e ainda coloquei condições para aceitar", diz.

"É uma prestação de contas, sobretudo para aqueles que conhecem minha história e sabem que não permitirei que o Pantanal se transforme num canavial, que não pedirei adiamento das normas para redução do teor de enxofre no diesel, que não aceitarei que a floresta nativa da Amazônia se converta em plantação de exóticas."

Para ler a carta completa, clique aqui.

Segundo informou reportagem da Folha deste mês, o governo reconheceu o desrespeito à redução de emissão de poluentes prevista para entrar em vigor em todo o país daqui a quatro meses e, para compensar um dos maiores passivos ambientais da gestão Lula, propõe que, a partir de 2012, a frota de ônibus, caminhões e automóveis movidos a diesel sejam abastecidos com o mesmo padrão do combustível que a Europa adotará em 2009.

O atraso na adaptação do combustível e dos veículos poderia representar a emissão de mais de 84 mil toneladas extras de poluentes na atmosfera entre 2009 e 2011, segundo cálculo feito pela Petrobras.

Ministério

O então secretário do Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro, Carlos Minc, assumiu o ministério no dia 27 de maio deste ano.

Marina Silva, sua antecessora, pediu demissão alguns dias antes em carta ao presidente Lula, na qual atribuiu sua saída a dificuldades na condução da agenda ambiental.

Marina, cuja reputação internacional era o principal trunfo do governo na área ambiental, perdera o apoio de Lula para implementar medidas mais duras contra o desmatamento.

Lula havia entrado em choque com a ex-ministra em diversas ocasiões. O desentendimento mais grave ocorreu no ano passado, quando o presidente e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, reclamaram da lentidão do Ibama (subordinado a Marina) para conceder licenças para as hidrelétricas do rio Madeira. Lula também decidiu entregar a coordenação do PAS (Plano Amazônia Sustentável) ao ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, alegando que Marina não tinha "isenção".

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Projeto britânico quer produzir comida e energia em deserto



Uma equipe de engenheiros e arquitetos baseados em Londres está combinando tecnologias para transformar imensas áreas desérticas em terrenos férteis com capacidade de produzir comida, água limpa e fontes alternativas de energia.


O Sahara Forest Project (Projeto Floresta Sahara) consiste em construir lado a lado estufas onde seria possível obter água limpa e cultivar alimentos, e painéis espelhados gigantes que captariam raios solares para gerar eletricidade.

A iniciativa combina tecnologias criadas pela empresa Seawater Greenhouse, que cultiva plantações em estufas instaladas em áreas áridas, e por arquitetos e engenheiros que desenvolveram uma técnica conhecida como Concentrated Solar Power (Energia Solar Concentrada, em tradução livre).

O criador da Seawater Greenhouse, Charlie Paton, explica que a técnica consiste em instalar evaporadores na entrada da estufa que convertem a água do mar em vapor. O vapor resfria a temperatura dentro do local em até 15 graus e favorece o crescimento da lavoura.

Do outro lado da estufa o vapor é condensado, transformando-se em água limpa que serve para regar as plantações.

Segundo Paton, a quantidade de água obtida é cinco vezes maior do que a necessária para molhar as plantas, produzindo um excedente que pode ser usado para mover turbinas acopladas aos painéis que captam a energia solar, gerando energia.

Biodiesel
De acordo com os criadores do Sahara Forest Project, em fase de testes em Tenerife, Omã e Emirados Árabes Unidos, a iniciativa terá potencial para produzir comida e eletricidade que serão consumidas por moradores locais.
A energia também poderia ser enviada para a Europa por meio de um conversor.

Com o excedente de água ainda seria possível cultivar pinhão manso, uma planta que serve de base para produzir biodiesel e que se adapta bem às terras desérticas.

Os criadores do projeto dizem que a iniciativa poderá ser uma ferramenta importante para combater a desertificação e trará múltiplos benefícios, como "grandes quantidades de energia renovável, comida e água".

UOL Notícias

Governo vai ‘capitalizar’ Petrobras com o pré-sal

Em discurso, Lula diz que a estatal será ‘reforçada’

Mega-campos devem ter 2 modelos de exploração


Ana Carolina Fernandes/Folha


Lula usou o tradicional pronunciamento do Dia da Independência para clarear os planos do governo na exploração das super-reservas petrolíferas do pré-sal.

Ele pôs um aparente ponto final no diz-que-diz que envolve a Petrobras. Enfatizou a intenção de fortalecer a estatal, não fragilizá-la.



"Vamos reforçar a Petrobras", disse. Sinalizou também a tonificação de todo o universo de empresas que atuam no setor de petróleo. Disse que o Brasil vai construir "uma poderosa e sofisticada indústria petrolífera, consolidar o renascimento da indústria naval e acelerar o desenvolvimento tecnológico da nossa petroquímica".


As palavras de Lula encaixam-se com os estudos da comissão interministerial constituída para redefinir o modelo da exploração de petróleo no país.

Estudioso da matéria e informado acerca do que se passa na Petrobras e em Brasília, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) conversou com o blog.

Contou ao repórter detalhes do modelo que, acredita ele, irá prevalecer ao final das discussões. Vão abaixo as pincipais linhas:


1. Duas fases: as megareservas do pré-sal estão localizadas numa faixa litorânea de 160 mil km2.

Por ora, apenas o pólo de Tupi (14 mil km2), situado na Bacia de Santos, seria explorado (8 bilhões de barris).

Todo o restante (produção estimada entre 50 bilhões e 70 bilhões de barris) ficaria para um segundo momento;


2. A primeira fase: o governo já licitou sete reservas no pólo de Tupi. Seis delas foram arrematadas por consórcios liderados pela Petrobras; uma foi às mãos da Exxon;

Para essas reservas, utilizou-se o modelo de concessão, criado sob FHC. O petróleo, que era da União, passou a ser das empresas.

Elas assumem os riscos da extração do óleo e remuneram o Estado pagando royalties e impostos.

Noves fora um reajuste na carga de tributos, o governo não cogita alterar esses contratos. Ao contrário, deseja acelerar a exploração.


3. Capitalização da Petrobras: Nas sete reservas já licitadas do pólo de Tupi há, entre um e outro bloco, reservas que ainda pertencem à União.

Segundo Mercadante, estuda-se a hipótese de avaliar essas “reservas contíguas” aos campos licitados, incorporando o valor aos “ativos da Petrobras.”

Com isso, o governo capitalizaria a Petrobras e permitiria à estatal viabilizar os investimentos necessários à exploração do óleo de Tupi.

A Petrobras já possui um plano de investentos que vai até 2012. Está orçado em R$ 112,4 bilhões. Mas o grosso desse dinheiro será usado em projetos indispensáveis.

Por exemplo: a contrução de cinco novas refinarias. Essenciais para tranformar em realidade uma das diretrizes enunciadas por Lula no discurso deste domingo (7):

“O Brasil não quer ser um mero exportador de óleo cru. Ao contrário, queremos agregar valor ao petróleo aqui dentro, exportando derivados, que valem mais.”

Mercadante ecoa o presidente: “A Petrobras não tem musculatura para suportar os investimentos que já está fazendo e os desafios do pré-sal.” Daí a capitalização.


4. Unitização: É esse o nome técnico que se dá ao processo de quantificação das reservas guardadas a cerca de 7 mil metros de profundidade.

Uma reserva se liga à outra. De modo que não há clareza quanto ao pedaço que caberá a cada um dos sete consócios de Tupi explorar.

Uma vez avaliadas as reservas que entremeiam os campos licitados, o governo definiria, com a precisão possível, o naco de cada consórcio.

Capitalizada a Petrobras e iniciada a exploração –o início está previsto para março de 2009—, estima-se que os resultados comerciais de Tupi começarão a aparecer em 2014.


5. A segunda fase: a exploração das demais reservas do pré-sal, que Mercadante chama de “pólos extra-Tupi”, ficariam para um segundo momento.

Deve haver alteração no modelo. Sai o regime de concessões. Entra o regime de “patilha.” Considera-se que é mais adequado para o pré-sal, que reúne campos de baixo risco e de alta lucratividade.

Funciona assim: em vez de tranferir as suas reservas para as empresas, o Estado as contrata como prestadoras de serviços, remunerando-as pela extração de petróleo.

Aqui entra a nova estatal defendida pelo ministro Edison Lobão (Minas e Energia). Que Mercadante prefere chamar de “escritório de administração de reservas.”

Não será uma nova empresa de exploração de petróleo. Terá como missão apenas celebrar, em nome do Estado, os contratos para a extração de óleo e gás no pré-sal.

A prevalecer o plano do governo, esses novos contratos vão cair no colo da Petrobras. Diz Mercadante:

“A empresa que terá melhores condições operacinais para disputar essas área será a própria Petrobras...”

“...Com a experiência adquirida em Tupi, ela vai ter mais equipamentos, mais tecnologia e, portanto, menores custos. Será a empresa mais eficiente. O governo poderá contratá-la diretamente no regime de partilha.”


Folha On Line