quinta-feira, 28 de agosto de 2008

"Deu zebra"? "Rodar a baiana"? "Lavar a égua"?

"Deu zebra"?

Imagine você ter jogado na loteria e ficar sabendo que os números divulgados do vencedor são os mesmos que o do seu bilhete. Porém, quase em êxtase, ao procurá-lo no bolso, o bendito papel já não está mais lá. É, pode considerar que "deu zebra".
A origem da expressão "dar zebra", utilizada nas situações em que o resultado foi algo impossível de acontecer, surgiu no popular Jogo do Bicho, como informa o professor de Língua Portuguesa Ari Riboldi. Segundo conta em seu livro O bode expiatório, a zebra não está entre os 25 animais que emprestam o nome a essa loteria ilegal, por isso, interpreta-se o fato como uma "tragédia" inesperada.

Ao longo do tempo, como descreve a obra, a expressão passou a ganhar popularidade no futebol antes de se espalhar para as demais modalidades esportivas. Um exemplo disso é quando uma equipe, considerada favorita pela sua maior qualidade, é derrotada por outra que não tinha qualquer chance de vitória.

Atualmente, o termo ganhou às ruas e é usado no dia-a-dia das pessoas. Portanto, não teste a sua "sorte" para não correr o risco de usar a expressão.

"Rodar a baiana"?

Rodar a baiana é armar um barraco, fazer uma confusão - pare cinco minutos em algum evento popular e você verá alguém rodando a baiana. Mas de onde saiu isso?

O Carnaval já era uma farra no início do século, e como toda bagunça que se preze, tinha confusão. A mais repetida explicação para a expressão "rodar a baiana" vem justamente daí: em meio aos desfiles da época no Rio de Janeiro, que não tinham televisão e nem Joãosinho Trinta, alguns gaiatos já tinham a mania de passar a mão no bumbum da mulherada.

Isso também acontecia com as baianas - era um beliscão, um grito e um giro. Até que elas começaram a desfilar com guarda-costas disfarçados, capoeiristas vestidos como elas que revidavam com navalhas, e aí você tem a autêntica rodada de baiana: belisco, giro, confusão.

Seria uma excelente explicação, pena é que não há como saber ao certo se ela procede. Não apenas nesse caso, mas na maioria das expressões do nosso idioma. O professor e doutor em Letras Cláudio Moreno explica que rastrear a origem dessas explicações é tarefa quase impossível, por dois motivos. O primeiro é a dificuldade em se pesquisar na imprensa do século XIX e início do século XX, uma vez que não há uma base de dados unificada de jornais, como a mantida pela Inglaterra. "É nos jornais que se registra a língua viva. Mesmo assim, se registra o uso, não a criação", explica.

Além disso, na maioria das vezes a explicação é inventada, diz Moreno. "Como nos livros de matemática em que temos a resposta no fim do livro, e fazemos uma conta só para chegar naquele número, é tudo chute. Eu também sempre achei que a expressão vem do vestido das baianas, mas como saber ao certo?"

"Lavar a égua"?

É recorrente ouvirmos a expressão "lavar a égua" quando alguém fica extremamente satisfeito ao conquistar uma grande vitória, principalmente no jogo. A dúvida é por que se emprega tal expressão para dizer que alguém se deu bem?

Para o professor Ari Riboldi, a relação teria surgido no turfe, em um gesto de gratidão do proprietário com a égua, quando esta vencia um páreo.

Segundo conta Riboldi, em seu livro O bode expiatório, a égua recebia do próprio dono um banho de champanhe como forma de agradecimento pelo lucro satisfatório conseguido em um esporte tão apreciado por reis e pela nobreza.

Porém, o alegre destino era um privilégio apenas das fêmeas. Se o vencedor fosse um macho, o destino do pobre animal era voltar à cocheira apenas com a satisfação de ter cumprido com sua obrigação.

Ao longo do tempo, como descreve o livro, a expressão foi se modificando e deixando de ter o sentido aplicado ao hábito de banhar o animal.

Terra História

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